Giorgia Meloni toma posse e tenta apaziguar temores sobre Itália na Europa

A primeira-ministra de extrema direita Giorgia Meloni nomeou neste sábado (22) um governo que mostra vontade de se manter em bons termos com a União Europeia (UE), que destacou sua intenção "de cooperar" com o novo Executivo italiano.

Giorgia designou como ministro das Relações Exteriores e vice-primeiro-ministro Antonio Tajani, ex-presidente do Parlamento Europeu, e anunciou Giancarlo Giorgetti, representante da ala moderada da Liga e ministro durante o governo Mario Draghi, como titular da pasta de Economia.

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As nomeações foram vistas como uma tentativa de reduzir a preocupação entre os aliados da Itália com a chegada ao poder em um país fundador da UE do governo mais direitista desde o fim da Segunda Guerra Mundial, além de políticos que têm um histórico de declarações eurocéticas. A mensagem foi bem recebida em Bruxelas.

"Felicidades a Giorgia Meloni por sua nomeação como primeira-ministra, a primeira mulher a obter esse posto", manifestou a presidente da Comissão Europeia (Executivo da UE), Ursula von der Leyen, acrescentando que espera "uma cooperação construtiva" com o seu governo. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, seguiram a mesma linha.

Ursula von der Leyen disse mais tarde que teve uma boa conversa telefônica com Giorgia, e acrescentou: "Trabalharemos juntas para encarar os desafios críticos dos nossos tempos, da Ucrânia à energia".

Em muitas capitais europeias, como Berlim, Paris e Madri, por outro lado, o novo governo italiano foi recebido com silêncio.

Durante a cerimônia no Palácio do Quirinal em Roma, Giorgia e seus 24 ministros - seis deles mulheres - prometeram "respeitar a Constituição e as leis".

Essa romana de 45 anos conquistou uma vitória histórica nas eleições legislativas de 25 de setembro, depois de superar as questões mais polêmicas de seu partido, 'Fratelli d'Italia' (Irmãos da Itália), uma estratégia que a levou ao poder um século depois da ascensão do ditador fascista Benito Mussolini, do qual é admiradora.

Matteo Salvini, líder da Liga, partido de ultradireita e anti-imigração que está na coalizão com o Irmãos da Itália, recebeu o cargo de vice-primeiro-ministro, mas terá que se contentar com o Ministério de Infraestrutura e Transportes, em vez da pasta do Interior, que desejava.

Em um momento de dificuldades para a terceira maior economia da zona do euro, consequência da crise energética e da inflação, que afetam a Europa em geral, a missão de Giorgia será complicada, principalmente devido às divergências dentro da coalizão em temas como a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Pró-Otan e favorável ao apoio à Ucrânia, Giorgia teve que lidar nesta semana com as declarações de seu parceiro de governo e líder do Força Itália, o ex-premier Silvio Berlusconi, depois que ele anunciou ter "retomado contatos" com o presidente russo, Vladimir Putin, e ter culpado Kiev pela guerra.

A nova premier sentiu-se obrigada a explicar que a Itália "faz parte plenamente, e de cabeça erguida", da UE e da Otan. A mensagem foi bem recebida em Washington e Kiev.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou neste sábado que tinha a expectativa de seguir brindando com a Itália "apoio à Ucrânia e fazer com que a Rússia preste contas por sua agressão".

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tuitou que esperava manter "uma cooperação frutífera" com a Itália "para garantir a paz e a prosperidade na Ucrânia, na Itália e no mundo".

Giorgia tuitou em resposta: "A Itália está e sempre estará ao lado do bravo povo da Ucrânia que luta por sua liberdade e por uma paz legítima. Não estão sozinhos!"

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, parabenizou Giorgia e disse que espera trabalhar com ela.

Além das divergências com os aliados no governo, Giorgia enfrentará muitos desafios, principalmente econômicos. A margem de manobra de Roma é limitada por uma dívida pública de 150% do Produto Interno Bruto (PIB), a proporção mais alta na zona do euro, depois da grega.

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