Alemanha prevê inflação de 7% e recessão em 2023

Autor DW Tipo Notícia

Governo alemão prevê retração de 0,4% na economia para 2023Dados divulgados pelo Ministério da Economia projetam retração de 0,4% no ano que vem, com retorno do crescimento somente em 2024. Guerra na Ucrânia, que influencia o setor energético, é a principal razão.O Ministério da Economia da Alemanha anunciou nesta quarta-feira (12/10) que projeta uma retração de 0,4% e uma taxa de inflação de 7% para 2023. O principal motivo para isso é a crise energética causada pela guerra na Ucrânia, que, segundo relatório do governo alemão, tem dificultado a produção industrial e reduzido o consumo interno. A inflação de 7% prevista para o ano que vem, com os preços para o consumidor final permanecendo elevados, só será possível devido aos investimentos federais para que o valor do gás não aumente ainda mais. A fim de aliviar as consequências da crise energética, o governo alemão anunciou em 29 de setembro um pacote de 200 bilhões de euros. Esse dinheiro deve ser investido para atenuar os gastos com o setor energético, bem como em ajuda direta a empresas. As projeções de Berlim têm mudado consideravelmente nos últimos meses. Para 2022, ano em que a inflação deve ficar em 8% no país, a previsão é de crescimento econômico de apenas 1,4%, bem abaixo dos 2,2% anunciados em abril. Para 2023, agora com recessão à vista, a estimativa feita no começo deste ano apontava crescimento de até 2,5%. Segundo o ministério, "como resultado da guerra de agressão russa contra a Ucrânia, [...] a razão central para as reduções [nas projeções] em comparação com a previsão feita na primavera é a interrupção no fornecimento de gás russo". "Vivemos atualmente uma grave crise energética, que está se transformando cada vez mais em uma crise econômica e social", argumentou o ministro da Economia, Robert Habeck. Devido à guerra, não apenas os preços do setor de energia subiram, mas também de matérias-primas e alimentos. Por isso, o governo alemão espera que os gastos dos consumidores diminuam 0,9% no ano que vem. Neste ano, por outro lado, ainda pode haver aumento de 4,3% no consumo, com as exportações crescendo 1,4% em 2022 e até 2% em 2023, valores considerados baixos para o longo prazo. Habeck afirmou que a energia deve ser acessível à população, mas pregou cautela quanto ao consumo de gás, apesar de os estoques estarem 95% cheios. "O gás é um bem escasso e precisamos usá-lo com moderação para passarmos bem o inverno", disse o ministro. Crescimento somente em 2024 A crise no mercado de gás, a escalada dos preços da energia e a queda no poder de compra da população têm empurrado a economia alemã para a recessão. Segundo avaliação do Instituto Alemão para Pesquisa Econômica (DIW) divulgada em 28 de setembro, a Alemanha já enfrenta uma recessão. Especialistas do DIW afirmaram que o aumento nos preços de energia levou a uma grande perda no poder aquisitivo e ameaça muitas empresas cujas produções podem deixar de ser rentáveis. Também no final de setembro, o Instituto de Pesquisa Econômica (Ifo), em Munique, previu que a inflação na Alemanha deve ser de 8,8% em 2023, mas tende a se estabilizar em 2024, ficando um pouco acima da meta de 2% do Banco Central Europeu. Os pesquisadores também preveem que o crescimento econômico deve voltar somente daqui a dois anos, em 2024, que tem projeção de alta de 2,3% no PIB. Críticas ao pacote de Scholz No início de setembro, o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, anunciou um pacote com uma série de medidas para aliviar a população dos efeitos da inflação. Mas a iniciativa foi amplamente criticada por políticos da oposição, sindicatos e economistas, que acusaram o governo de não agir o suficiente para garantir o controle sobre os preços da energia ou para evitar que o país caia, de fato, em uma recessão. Na época, Scholz divulgou que os investimentos seriam de 65 bilhões de euros, em um terceiro conjunto de medidas para proteger consumidores e empresas, a exemplo da extensão do desconto nos bilhetes do transporte público e isenções tributárias de 1,7 bilhão de euros para 9 mil companhias que utilizam quantidades maiores de energia. gb (Reuters, AFP)

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