Começa na Suíça o julgamento da mulher que tentou matar duas pessoas em nome do Estado Islâmico
O julgamento de uma jovem suíça acusada de tentar cortar a garganta de duas mulheres em uma loja de departamentos em 2020 enquanto gritava frases em favor do grupo extremistas Estado Islâmico (EI) começou nesta segunda-feira (29) na Suíça.
O processo foi iniciado às 9h30 (4h30 de Brasília) no tribunal criminal federal de Bellinzona, no sul do país, sob forte presença policial.
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Um dos pontos que o julgamento deve determinar é se trata-se de uma desequilibrada ou de uma "terrorista sem escrúpulos", como afirma a Promotoria.
A ré, que tinha 28 anos no momento do incidente, compareceu vestida de preto -- como é a norma deste tribunal. Estava com a cabeça coberta e depois de uma longa discussão entre o presidente do tribunal e seu advogado, ela concordou em se revelar.
"Sou muçulmana", disse ela, com um leve sorriso para justificar sua disposição de cobrir a cabeça.
Em 24 de novembro, a mulher subiu ao quinto andar da loja de departamentos Manor em Lugano, na parte de língua italiana do país, comprou uma faca e atacou aleatoriamente duas mulheres, tentando cortar suas gargantas.
Uma das vítimas ficou gravemente ferida no pescoço.
A outra, ferida em uma das mãos, conseguiu dominar a agressora, com a ajuda de outras pessoas, até a chegada da polícia.
Segundo a Promotoria da Suíça, a jovem - cujo nome não foi divulgado pelo tribunal - agiu "intencionalmente" e "sem escrúpulos".
Durante o ataque, a agressora gritou frases como "Alá é grande" e "vingarei o profeta Maomé", afirmando: "Estou aqui pelo Estado Islâmico", em referência ao grupo jihadista.
No primeiro dia das audiências, a mulher de longos cabelos pretos respondeu às perguntas do presidente do tribunal.
A acusada - que é filha de um suíço e de uma sérvia - contou com a voz embargada as crises epilépticas que sofreu na infância, para depois ter uma adolescência marcada pela anorexia.
Desde a infância é tratada por psicólogos e psiquiatras e mesmo na prisão continua em tratamento, do qual afirmou não gostar e que diz que a deixa "nervosa".
A mulher contou que engravidou aos 17 anos de seu futuro marido de origem afegã, com quem se casou dois anos depois e se divorciou no ano passado.
"As coisas começaram bem, depois deram errado", disse ela, explicando que o marido não queria que ela estudasse ou fizesse um aborto.
Por não querer cuidar da criança após seu nascimento, ela a deixou para seus pais, que a adotaram.
A ré é processada por "repetição de tentativa de homicídio" e violação de um artigo da lei federal que proíbe os grupos jihadistas Al Qaeda e EI.
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