Primeiro carregamento de grãos ucranianos desde invasão russa segue para Istambul

O primeiro carregamento de grãos ucranianos exportados desde a invasão russa deve chegar a Istambul "depois da meia-noite" desta terça-feira (2), segundo um acordo assinado em julho entre Kiev e Moscou para tentar aliviar a crise alimentar global.

O "Razoni", com bandeira de Serra Leoa, partiu de Odessa pouco depois das 9h locais (3h de Brasília) na segunda-feira, com 26.000 toneladas de milho a bordo rumo ao porto libanês de Trípoli. Inicialmente, chegaria a Istambul esta tarde, mas agora é esperado para "depois da meia-noite" (18h de Brasília), conforme as autoridades turcas.

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Em Istambul, o navio será inspecionado por uma delegação composta por representantes turcos, russos, ucranianos e da ONU, informou o almirante turco Özcan Altunbulak, chefe do Centro de Coordenação Conjunta (CCC) que supervisiona as operações de exportação.

Cereais já deixaram a Ucrânia durante o conflito, mas de Berdyansk, no sudeste, no Mar de Azov, ocupado pela Rússia.

O "Razoni" percorreu a costa romena durante a noite, mas desligou seu sistema de identificação automática por volta das 20h (Brasília), para que não pudesse mais ser rastreado, de acordo com o site Marine Traffic, que acompanha o tráfego marinho.

ONU, União Europeia (UE) e o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, saudaram com satisfação a saída deste primeiro navio, embora tenham apelado pela plena aplicação do acordo.

De acordo com o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, outros 16 navios cargueiros de grãos "estão esperando sua vez" para zarpar de Odessa, uma importante cidade portuária que, antes da guerra, concentrava 60% da atividade marítima do país.

O presidente Volodymyr Zelensky considerou, no entanto, que era "muito cedo para tirar conclusões e fazer previsões".

"Vamos esperar para ver como o acordo funcionará e se a segurança será realmente garantida", disse ele na noite de segunda-feira, embora tenha garantido que é "um primeiro sinal positivo".

O acordo assinado em 22 de julho em Istambul entre Rússia e Ucrânia, mediado pela Turquia e pela ONU, permite que as exportações ucranianas sejam retomadas sob supervisão internacional.

O pacto prevê a implementação de corredores seguros para permitir a circulação de navios mercantes no Mar Negro.

Rússia e Ucrânia são grandes potências agrícolas, e seu trigo, milho e girassol, em particular, abastecem o mercado mundial.

Estima-se que entre 20 e 25 milhões de toneladas de grãos tenham sido bloqueadas nos portos ucranianos desde o início da invasão em 24 de fevereiro, elevando os preços.

A Rússia chamou a partida do navio de "muito positiva" e disse que espera que todos os lados implementem o acordo, segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Um acordo semelhante assinado na mesma época também garante a Moscou a exportação de seus produtos agrícolas e fertilizantes, apesar das sanções ocidentais.

No terreno, os combates continuam e as autoridades ucranianas seguem contabilizando as baixas civis.

O chefe da administração militar de Kryviy Rih, Oleksander Vilkul, relatou no Telegram a morte de dois civis que estavam a bordo de um micro-ônibus tentando deixar a cidade ocupada de Starosillya.

Cinco outras pessoas foram retiradas, duas delas gravemente feridas.

A cidade de Mykolaiv (sul) voltou a ser "massivamente bombardeada" na noite de segunda para terça.

A cidade fica perto da linha de frente no sul da Ucrânia, onde as forças de Kiev realizam uma contra-ofensiva.

Na região vizinha de Kherson, cidade sob controle russo desde 3 de março, "a situação é tensa", segundo a presidência.

Mas a Ucrânia anunciou na segunda-feira que havia retomado 46 cidades ocupadas.

A artilharia é decisiva neste conflito, em que os exércitos ucraniano e russo procuram desgastar as forças inimigas com munição.

Principal apoiador da Ucrânia, os Estados Unidos anunciaram na segunda-feira o envio de um novo pacote de armas no valor de US$ 550 milhões, que incluirá munição para lançadores de mísseis HIMARS e 75.000 morteiros de 155 mm.

Até agora, Washington forneceu mais de US$ 8 bilhões em ajuda militar.

Na Rússia, a Suprema Corte designou nesta terça-feira o regimento ucraniano Azov, famoso por ter defendido a cidade de Mariupol, como uma "organização terrorista". A decisão pode levar a duras acusações contra os combatentes feitos prisioneiros pelas forças russas.

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