FMI prevê menor crescimento mundial em meio à desaceleração nos EUA e China

A alta da inflação e a desaceleração nos Estados Unidos e na China levaram nesta terça-feira (26) o FMI a rebaixar suas perspectivas de crescimento para a economia mundial neste ano e no próximo e a advertir que a situação pode piorar muito.

A "tentativa de recuperação" do ano passado após a recessão da pandemia foi seguida de uma evolução "cada vez mais sombria em 2022 à medida que os riscos começaram a se materializar", afirma o Fundo Monetário Internacional, que considera cada vez mais provável uma recessão.

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"Vários fatores afetaram uma economia mundial já enfraquecida pela pandemia", incluindo a guerra na Ucrânia, que fez subir os preços dos alimentos e da energia, o que levou os bancos centrais a subirem as taxas de juros, explica uma atualização do relatório Perspectivas da Economia Mundial (WEO, sigla em inglês para World Economic Outlook).

O WEO cortou a estimativa de crescimento do PIB mundial para 2022 a 3,2%, 0,4 pontos porcentuais a menos que o prognóstico de abril.

Os confinamentos pela covid-19 e o agravamento da crise imobiliária colocaram mais obstáculos à atividade econômica na China, enquanto as agressivas taxas de juros do Federal Reserve desaceleram o crescimento dos Estados Unidos.

O FMI faz uma clara advertência: as perspectivas de crescimento "caíram abruptamente" e, se os riscos se materializarem podem levar a economia mundial a uma das piores recessões dos últimos cinquenta anos.

O que mais preocupa são as consequências da guerra na Ucrânia, incluindo a possibilidade de que a Rússia corte o fornecimento de gás natural à Europa, além de um novo aumento nos preços de alimentos decorrente do efeito da guerra no fornecimento de grãos, o que pode desencadear a fome.

E acrescentou: se estes "choques" forem muito impactantes" podem causar uma estagflação, quando há recessão e estagnação econômica.

Isso nocautearia de vez o crescimento, reduzindo-o para 2% em 2023, uma taxa somente vista cinco vezes desde 1970, alerta o FMI.

"Controlar a inflação deveria ser a prioridade" dos governos, sustenta o FMI, ainda que isso inclua medidas difíceis para os cidadãos, já que o dano causado por um descontrole da inflação seria muito pior.

"Uma política monetária mais rígida inevitavelmente trará custos econômicos reais, mas postergá-la pode custar ainda mais caro".

O FMI prevê que os preços ao consumidor aumentem 8,3% este ano e nos mercados emergentes podem subir 9,5%.

A economia mundial foi um pouco melhor do que o esperado nos três primeiros meses do ano, mas parece ter "encolhido no segundo trimestre, a primeira contração desde 2020", afirma o FMI.

O FMI reduziu as previsões de crescimento para a maioria dos países, incluídos Estados Unidos e China, que perderam mais de um ponto porcentual em relação às previsões anteriores.

O crescimento nos Estados Unidos para este ano está previsto em 2,3%, uma vez que os consumidores estão gastando menos e as taxas de juros estão subindo. O relatório não descarta que já tenha começado uma recessão, após dois trimestres de crescimento negativo.

A perspectiva em relação à China é de uma drástica desaceleração em 2022, até 3,3%, a expansão mais baixa em quatro décadas, com exceção do período de crise pela pandemia em 2020.

"A desaceleração na China tem consequências globais: os confinamentos, as interrupções nas redes de fornecimento mundial e a diminuição da demanda interna reduzem a procura por bens e serviços dos parceiros comerciais de Pequim", alerta o relatório.

Alguns países são exceções nas perspectivas sombrias, entre eles, Itália, Brasil e México, além da Rússia, que se beneficia do aumento dos preços do petróleo, afirma o WEO.

Para o Brasil a estimativa é de 1,7% (+0,9 pontos porcentuais em comparação com abril), enquanto o México deve crescer 2,4% (+0,4 pontos porcentuais). Em 2023, ambos devem crescer menos do que o esperado: Brasil 1,1% e México 1,2%.

Para a América Latina e o Caribe, o FMI elevou em até 3% sua perspectiva de crescimento para este ano, ou seja uma revisão para cima de 0,5 pontos percentuais "como resultado de uma recuperação mais forte em grandes economias" como Brasil, México, Colômbia e Chile.

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