Cães siberianos de milhares de anos atrás dependiam dos humanos para se alimentar

Há 7,4 mil anos, os cães siberianos eram muito menores que os lobos, o que os tornava mais dependentes dos humanos para se alimentar, inclusive de espécies marinhas, destaca uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (22).

Robert Losey, professor da Universidade de Alberta e diretor desse estudo publicado na Science Advances, disse que as descobertas ajudaram a explicar o crescimento inicial da população canina, à qual os humanos recorreram para tarefas de casa, pastoreio e transporte em trenó.

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Pesquisas anteriores haviam focado apenas em duas ideias principais para explicar como os cachorros deixaram de ser lobos, um processo que começou há cerca de 40 mil anos.

A primeira dessas premissas é de que os lobos mais amigáveis se aproximaram dos acampamentos humanos durante a Era do Gelo para buscar carne, se isolaram de suas contrapartes selvagens e então foram criados intencionalmente como cães.

Já a segunda é de que alguns cães desenvolveram uma melhor capacidade de digerir amido depois da revolução agrícola, razão pela qual algumas raças modernas têm mais cópias do gene AMY2B, que cria a amilase pancreática.

Para estudar as dietas dos cães da antiguidade com maior profundidade, Losey e seus colegas analisaram os restos de cerca de 200 desses animais e de 200 lobos que viveram nos últimos 11 mil anos.

"Tivemos que recorrer a coleções por toda a Sibéria, analisamos ossos, pegamos amostras de colágeno e estudamos a proteína nos laboratórios", afirmou.

Com base nos restos mortais, a equipe fez estimativas estatísticas do tamanho do corpo dos animais. Também usaram uma técnica chamada análise de isótopos estáveis para estimar as dietas.

Os cientistas descobriram que os cachorros de 7 a 8 mil anos atrás "já eram bem pequenos, o que significa que simplesmente não podiam fazer as mesmas coisas que a maioria dos lobos", explicou Losey.

Isso os conduziu a uma maior dependência dos humanos para sua alimentação e a caçar presas pequenas, em vez das caçadas maiores realizadas pelos lobos.

Os cães daquela época comiam "peixes, mariscos, focas e leões marinhos, que não podem obter facilmente sozinhos", disse. Ingeriam peixes "em áreas da Sibéria onde os lagos e rios ficavam congelados por sete a oito meses ao ano", acrescentou.

Enquanto os lobos daqueles tempos, assim como os atuais, caçavam em alcateia e comiam principalmente espécies de cervos.

As novas dietas proporcionaram aos cães tanto benefícios quanto desafios. "Vantagens porque podiam acessar a comida dos humanos, a princípio fácil, mas ao custo de novas doenças e problemas", observou Losey.

Ainda que as novas bactérias e parasitas aos quais foram expostos podem ter ajudado alguns deles a se adaptar, é possível que populações inteiras de cachorros não tenham sobrevivido.

A maioria dos primeiros cães das Américas foi extinta, por razões pouco claras, e eles foram substituídos por cães europeus, embora a colonização não seja apontada como responsável por esse processo.

Os cachorros que sobreviveram adquiriram microbiomas intestinais mais diversos, o que os ajudou a digerir mais carboidratos associados à vida com humanos.

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