Psiquiatra indica jejum de "gatilhos do prazer" como redes sociais, compras e sexo
Segundo a profissional, a busca excessiva pela realização pode gerar o oposto
A psiquiatra estadunidense Anna Lembke, autora do livro "Nação Dopamina", argumenta que a busca excessiva pela realização pode gerar sofrimento. Para barrar a frustração, a especialista sugere um jejum do que ela chama de "gatilhos do prazer", como redes sociais, jogos, drogas, comida, notícias, compras, jogos de azar, sexo e pornografia. A indicação foi feita em entrevista ao jornal Estadão.
“Se descobrirmos que não podemos nos abster por 30 dias da nossa droga de escolha, ou a usamos compulsivamente imediatamente ao final dos 30 dias, pode ser necessário procurar o conselho de um profissional médico”, afirma.
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Anna é professora de psiquiatria e medicina de adicçãoRelacionada a vícios. na Universidade Stanford, nos Estados Unidos. Inspirada por casos reais de seus pacientes, ela começou a escrever sobre consumo desenfreado e busca de equilíbrio entre prazer e sofrimento. A psiquiatra começou a escrever o livro "Nação Dopamina" antes da pandemia e o terminou durante o verão de 2020.
Ela conta que, à princípio, pensou que a Covid-19 eliminaria qualquer interesse das pessoas em consumo compulsivo, mas que se equivocou. "A Covid acelerou a tendência já existente de consumo compulsivo, especialmente de medicamentos e alimentos digitais. Então, como se vê, as mensagens no livro eram mais relevantes do que nunca", declara.
Quando questionada sobre o porquê deste vício desenfreado em buscar a satisfação por meio das drogas, pornografia, redes sociais e outras válvulas de escape, Anna explica que o cérebro recebe doses de dopamina ao fazer algo que gosta muito, mas essa dose também pode chegar de outras formas, com um lembrete da coisa, por exemplo.
"Passar por um bar onde bebemos, receber uma notificação push sobre uma nova série da Netflix em nosso gênero favorito, ouvir um alerta nos notificando que alguém respondeu ao nosso texto. Até mesmo pensar em nossa droga de escolha — recordação eufórica— pode liberar dopamina", diz.
Conforme a psiquiatra, esse cenário de descontrole tem se agravado nos últimos 30 anos, sendo a digitalização o carro-chefe que puxa os vícios. O grande risco dessas adicções, segundo Lembke, consiste nos problemas de saúde posteriores a elas, como depressão, ansiedade e irritabilidade.
Jejum de 30 dias
Para amenizar os possíveis efeitos que os "gatilhos do prazer" possam proporcionar, a especialista sugere um jejum de dopamina de 30 dias com a "droga de escolha", ou seja, a coisa ou ação pela qual a pessoa mais se sente dependente.
O objetivo da atividade é redefinir os caminhos de recompensa e limpar a mente da compulsão.
"Se descobrirmos que não podemos nos abster por 30 dias, ou a usamos compulsivamente imediatamente ao final dos 30 dias, pode ser necessário procurar o conselho de um profissional médico", completa a profissional.
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