Macron defende 'compromissos' para evitar paralisação política na França

O presidente Emmanuel Macron pediu nesta quarta-feira (22) que as forças políticas francesas indiquem "até onde querem chegar" para garantir a governabilidade, após as eleições legislativas nas quais o governo não obteve uma maioria absoluta e que apresentaram um panorama político fragmentado.

Em uma breve transmissão televisiva, Macron reconheceu a existência de "fraturas", que obrigam os grupos políticos como um todo a "aprender a governar e legislar de maneira diferente".

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"Temos que alcançar compromissos (...), mas fazê-lo em total transparência, a céu aberto, em busca de união e de agir pela nação", acrescentou.

"Para avançar de maneira útil, cabe agora aos grupos políticos dizerem com total transparência até onde querem chegar", afirmou.

Entre os temas a serem discutidos, o presidente francês mencionou "o poder aquisitivo", o "clima" e o "pleno emprego".

Macron foi reeleito em maio para um segundo mandato, derrotando no segundo turno a candidata de extrema direita Marine Le Pen.

Nas legislativas deste mês, no entanto, sua coalizão Juntos! obteve 245 dos 577 assentos da Assembleia Nacional, 44 menos que o necessário para garantir a maioria absoluta.

Os demais parlamentares se dividem principalmente entre a aliança de esquerda Nupes, que conquistou cerca de 150 assentos, a extrema direita de Le Pen, com 89, e a direita tradicional com 61.

Essa fragmentação foi acompanhada de uma elevada abstenção, de 53,77%, no segundo turno das legislativas, no domingo.

Durante seu primeiro mandato, Macron foi muito criticado pela oposição por exercer o poder de forma vertical nas numerosas crises que precisou enfrentar, entre elas a do movimento dos "coletes amarelos".

Macron rejeitou na terça-feira a demissão da recém-nomeada primeira-ministra Elisabeth Borne, considerada de perfil técnico.

Em seu discurso desta quarta, o presidente francês excluiu a formação de um governo de unidade nacional, após consultar na terça-feira líderes das formações com representação no Parlamento.

De fato, nenhum dirigente opositor afirmou ser favorável a uma iniciativa deste tipo.

O líder da Nupes, Jean-Luc Mélenchon, afirmou após o discurso de Macron que "o poder Executivo é fraco, mas a Assembleia Nacional tem a legitimidade de sua recente eleição", declarando que "vamos dissolver a realidade do voto disfarçando-a com considerações e apelos de todos os tipos".

Mélenchon reiterou também seu pedido para que a primeira-ministra Borde encare um voto de confiança no Parlamento e que renuncie, caso não o consiga.

O presidente interino do RN, Jordan Bardella, considerou positivo que "Emmanuel Macron se mostre um pouco menos arrogante" e afirmou que a bancada do partido de extrema direita terá uma postura "firme, mas construtiva".

Macron realizou suas consultas antes de uma série de compromissos internacionais que começam a partir de quinta-feira, que incluem uma cúpula da União Europeia (UE) para debater se será conferida à Ucrânia, em guerra com a Rússia, a condição de candidata a aderir ao bloco.

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