Fed eleva juros em 0,75 ponto percentual, a maior alta desde 1994

O Federal Reserve (Fed, banco central americano), "fortemente determinado a levar a inflação à sua meta de 2%" ao ano, aumentou suas taxas de juros de referência em três quartos de ponto percentual nesta quarta-feira (15), o maior aumento desde 1994, segundo um comunicado oficial.

Trata-se da terceira alta consecutiva e da maior em mais de 27 anos, e situa as taxas de referência entre 1,5% e 1,75%.

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O Fed informou em nota que antecipa outras altas de suas taxas de juros de referência. A maioria dos integrantes do comitê de política monetária (FOMC) prevê que até o fim do ano esta faixa chegue a 3,25%-3,50%.

De fato, o presidente da entidade, Jerome Powell, avaliou que um novo aumento de até 0,75 ponto percentual é "muito provável" na reunião de julho.

"Evidentemente, o aumento de 75 pontos-base de hoje (quarta-feira) é pouco frequente e importante (...) Nesta perspectiva, um aumento de 50 pontos-base ou de 75 pontos-base parece muito provável em nossa próxima reunião", disse durante coletiva de imprensa posterior ao encontro de dois dias do FOMC, enquanto Wall Street ganhava impulso após os anúncios.

O Fed também revisou para cima seu prognóstico de inflação para 2022 a 5,2% e reduziu sua previsão de crescimento a 1,7%.

A inflação continua "alta e reflete os desequilíbrios entre oferta e demanda vinculados à pandemia, os preços da energia mais altos e, mais amplamente, as pressões sobre os preços", informou o banco central.

O Fed destacou que a invasão da Ucrânia e as sanções posteriores contra a Rússia criaram "pressões adicionais à alta sobre a inflação e pesam na atividade econômica mundial".

Além disso, os confinamentos na China aumentam os problemas nas cadeias de abastecimento e tudo isso freia a expansão econômica americana.

Para o Fed, a taxa de desemprego se situará em 3,7% no fim de 2022 nos Estados Unidos contra os 3,5% esperados em sua reunião anterior e era o nível em fevereiro de 2020, o mais baixo da história do país, antes do aparecimento da pandemia do coronavírus.

A perspectiva de um aumento maior das taxas de juros agitou os mercados desde a semana passada, depois de divulgado um dado de inflação para maio publicado na sexta-feira.

O dado de preços ao consumo registrou um aumento recorde em 40 anos na medição a 12 meses, com 8,6%.

As altas das taxas básicas de juros aumentam o preço dos empréstimos que os bancos comerciais concedem a seus clientes.

O Fed está lutando ainda mais para conter a inflação porque sua credibilidade está em jogo. Seus dirigentes afirmaram durante meses que este aumento de preços seria apenas temporário e, portanto, só começaram a apertar os parafusos em março.

"A atividade econômica em geral se recuperou", depois de sofrer uma contração no primeiro trimestre, destacou o Fed nesta quarta-feira, citando o "crescimento robusto do emprego nos últimos meses e uma taxa de desemprego em um nível baixo".

"Em retrospectiva, (...) provavelmente teria sido melhor elevar as taxas antes", admitiu Powell no mês passado em entrevista ao The Wall Street Journal.

A secretária do Tesouro de Joe Biden, Janet Yellen, também admitiu que não tinha previsto este aumento de preços.

O Fed é independente do governo federal, mas Powell foi recebido recentemente por Biden na Casa Branca, juntamente com Yellen, para uma rara reunião dedicada à inflação.

O Fed deve, por outro lado, ter cuidado ao frear deliberadamente a economia, para não arrastá-la para uma recessão.

O Comitê Monetário do Fed se reúne pela primeira vez desde que Powell começou oficialmente seu segundo mandato, em 23 de maio, e Lael Brainard se tornou a vice-presidente da instituição. Esta reunião também marca a chegada de dois novos governadores, Lisa Cook e Philip Jefferson, ao organismo.

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