Indígenas do Equador mantêm protestos após seu líder ser preso por vandalismo
A prisão do líder indígena equatoriano Leonidas Iza por supostos atos de vandalismo não impediu que milhares de equatorianos voltassem a bloquear rodovias nesta terça-feira (14), pelo segundo dia consecutivo, em protesto contra o governo.
As manifestações, convocadas por tempo indeterminado, ocorreram em pelo menos onze das 24 províncias equatorianas, incluindo os acessos a Quito, segundo um relatório do Serviço Integrado de Segurança ECU911.
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O presidente conservador Guillermo Lasso denunciou que na segunda-feira aconteceram "atos de vandalismo", como invasões de produtores agrícolas e o ataque a uma instalação de bombeamento de petróleo na floresta amazônica. Este último fato foi negado por vários ministros da área de segurança na noite de ontem.
Os indígenas, que exigem a redução dos preços dos combustíveis e a renegociação das dívidas dos camponeses com os bancos, continuam bloqueando estradas com pneus em chamas, toras e barricadas de terra e pedras.
As reclamações não diminuíram apesar de Iza, chefe da Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie), ter sido preso na manhã de terça-feira no setor de Pastocalle, na província andina de Cotopaxi (sul).
O líder Kichwa-Panzaleo foi transferido para uma unidade da Procuradoria em Quito, segundo a ONG de direitos humanos Inredh.
A sede desta entidade está isolada por policiais e militares. Nos arredores, manifestantes agitam bandeiras do movimento indígena.
A Inredh considerou que a prisão de Iza, um engenheiro ambiental de 39 anos, "provocará maior indignação e uma onda de violência".
A Conaie, que em 2019 liderou mais de uma semana de manifestações violentas contra o governo que deixaram onze mortos, confirmou a prisão de Iza, presidente dessa poderosa organização opositora desde junho de 2021, a chamando de "violenta, arbitrária e ilegal" e pedindo sua libertação.
"Grupos de elite da Polícia e das Forças Armadas detêm ilegalmente @LeonidasIzaSal1 presidente da CONAIE. Chamamos a nossa estrutura organizacional a RADICALIZAR as medidas de fato pela LIBERDADE de nosso líder máximo e pela dignidade de nossa luta", afirmou o movimento no Twitter.
O ministro do Interior, Patricio Carrillo, por sua vez, informou que há cinco detidos: "4 autores materiais e um dos autores intelectuais, aguardando sua audiência".
"Aqueles que cometem atos de vandalismo responderão à justiça", enfatizou Lasso, que assumiu o cargo há um ano.
As autoridades estimaram que cerca de 6.000 pessoas participaram dos protestos nacionais de segunda-feira. Por sua parte, Iza sustentou que o Executivo está "minimizando" as manifestações e alertou que elas continuarão de maneira "indefinida".
A Conaie, que já participou de vários diálogos malsucedidos com o governo de Lasso, propõe que os preços dos combustíveis sejam reduzidos para 1,50 dólares para o galão de 3,78 litros de diesel e 2,10 para a gasolina de 85 octanos.
Os indígenas também protestam contra a falta de emprego e a entrega de concessões de mineração em seus territórios. Eles exigem também o controle de preços dos produtos agrícolas.
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