Agência da ONU pede que Irã retome 'agora' negociação de acordo nuclear
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da ONU, instou neste domingo (12) o Irã a retomar "agora" as negociações para evitar uma crise que poderia tornar "extremamente mais difícil" salvar o acordo nuclear alcançado em 2015.
Em entrevista à rede CNN neste domingo, o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, contou que disse aos seus homólogos iranianos: "Temos que sentar agora, temos que corrigir a situação, temos que continuar trabalhando juntos."
Seja assinante O POVO+
Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.
AssineO Irã desconectou nesta semana algumas câmeras que permitiam que inspetores internacionais monitorassem suas atividades nucleares, em resposta a uma resolução ocidental aprovada em 8 de junho, na qual a agência da ONU denunciou a falta de cooperação de Teerã.
Segundo Grossi, 27 câmeras de vigilância de circuito fechado "foram removidas" das instalações supervisionadas, o que considerou "muito grave". Ele afirmou que isso torna "extremamente mais difícil o caminho de volta a um acordo".
As negociações para reativar o acordo estão paralisadas desde março. Seu objetivo é reintroduzir os Estados Unidos nesse pacto firmado entre Teerã e as principais potências mundiais para evitar que o Irã fabrique uma bomba atômica.
O acordo de 2015 aliviou o Irã das sanções econômicas ocidentais em troca de restrições às suas atividades nucleares. Mas em 2018, o então presidente americano Donald Trump (2017-2021) retirou-se unilateralmente do pacto e voltou a impor sanções contra Teerã, levando o Irã a começar a recuar em seus próprios compromissos.
"A única maneira de o Irã ganhar a confiança que tanto necessita para impulsionar sua economia é permitir que os inspetores da AIEA estejam presentes" nas instalações de seu programa nuclear.
Sem as câmeras de vigilância, Grossi disse que sua agência em breve não poderá declarar se o programa tem um fim "pacífico", como insiste Teerã repetidamente, ou se o Irã está desenvolvendo uma arma nuclear.
Mesmo que os iranianos religuem as câmeras em alguns meses, observou Grossi, qualquer trabalho que eles fizerem nesse meio tempo permanecerá secreto, o que possivelmente tornaria qualquer acordo inútil.
O presidente dos EUA, Joe Biden, já disse que está pronto para retornar ao pacto, desde que o Irã também honre seus próprios compromissos.
fff/bbk/sw/llu/dga/ic