Acobertamento de possíveis incidentes em central nuclear é investigado na França

A Justiça francesa investiga denúncias de que funcionários de uma central nuclear teriam encoberto incidentes operacionais em uma velha usina entre 2017 e 2021 - disse uma fonte próxima ao caso, nesta quinta-feira (9), à AFP.

A Procuradoria de Marselha confirmou à AFP a abertura de investigação judicial contra "X" por, segundo a mesma fonte, "não declaração de um incidente, ou de acidente", na fábrica de Tricastin (sudeste) e por colocar vidas em risco, entre outros.

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O início da investigação decorre de uma denúncia feita por um ex-engenheiro da referida central em outubro de 2021, na qual ele explica que alertou a operadora EDF e até o Ministério da Transição Ecológica sobre incidentes.

"A decisão (...) reflete a extrema gravidade dos fatos denunciados por nosso cliente, que havia alertado, em vão, sua empresa e advertido o Ministério da Ecologia", disseram à AFP seus advogados, Vincent Brengarth e William Bourdon.

Em meio ao debate sobre o "renascimento" da energia nuclear anunciado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, "Hugo" (pseudônimo) denunciou que foi afastado pela EDF e sua diretoria por denunciar uma "política de dissimulação" de incidentes de segurança nos últimos anos.

Hugo começou a trabalhar na EDF em 2004 e se tornou chefe de serviço em Tricastin em setembro de 2016. Segundo o engenheiro, algumas anomalias não foram declaradas à Autoridade de Segurança Nuclear (ASN), ou foram "minimizadas".

Em fevereiro de 2021, a ASN abriu as portas para que se continue a operação dos reatores nucleares mais antigos da França, entre eles o os de Tricastin, com mais de 40 anos de vida, e pediu à EDF que melhorasse a segurança.

A operadora, com maioria estatal, disse à AFP que tomou conhecimento do início da investigação e garantiu que a segurança das centrais é sua "prioridade". Além disso, negou as acusações de encobrimento de incidentes.

O anúncio da denúncia se dá no momento em que 12 dos 56 reatores da EDF se encontram parados, devido a um fenômeno de "corrosão sob tensão", embora não esteja confirmado em todos os casos, disse o grupo em 19 de maio.

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meio-ambiente França energia trabalho

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