Situação difícil para Ucrânia em Severodonetsk apesar dos avanços
Depois de recuperar parte do território, a situação ficou mais grave nesta segunda-feira (6) para o exército ucraniano em Severodonetsk, uma cidade estratégica sob ofensiva das tropas russas e que teve a linha de frente visitada pelo presidente Volodymyr Zelensky no domingo.
"Os combates são intensos em Severodonetsk. Nossos defensores conseguiram contra-atacar e libertar metade da cidade, mas a situação se agravou para nós", declarou Sergii Gaidai, governador da região de Lugansk, ao canal de televisão ucraniano 1+1, sem revelar mais detalhes.
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"Os russos destroem tudo com sua tática habitual de terra arrasada, para que que não reste mais nada por defender", acusou.
Com base em comunicações interceptadas do comando russo, o governante advertiu para uma possível intensificação da ofensiva sobre esta cidade industrial "até 10 de junho".
Para Moscou, que há alguns dias havia assumido o controle quase total da cidade, conquistar Severodonetsk seria uma alavanca para assumir completamente a bacia de mineração de Donbass.
A resistência ucraniana em Severodonetsk "provavelmente continuará captando a atenção das forças russas na região de Lugansk e provocará vulnerabilidades nos esforços defensivos russos na região de Kharkiv (nordeste) e ao longo do eixo meridional", analisou no domingo o Instituto dos Estados da Guerra (ISW) dos Estados Unidos.
Como o governo americano já havia feito, o Reino Unido anunciou que fornecerá para a Ucrânia lança-foguetes de longo alcance (80 quilômetros), ignorando as advertências contrárias do presidente russo Vladimir Putin.
Os disparos de artilharias ficaram mais intensos em Severodonetsk e na viziha Lysychansk, onde Oleksandr Lyakhovets, um aposentado, conseguiu escapar de sua casa e salvar o gato das chamas provocadas por um bombardeio russo.
"Atiram sem parar... é um filme de terror", contou à AFP o homem de 67 anos.
Lysychansk, cidade vizinha de Severodonetsk - separada apenas pelo rio Donets -, foi um dos pontos visitados pelo presidente Zelensky no domingo, em uma viagem que serviu para "constatar a situação operacional na linha de frente", segundo o governo.
O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, foi obrigado a cancelar uma viagem à Sérvia nesta segunda-feira depois que vários países vizinhos fecharam o espaço aéreo.
Lavrov pretendia se reunir com autoridades sérvias em Belgrado, em um dos poucos países europeus que mantém a aliança com a Rússia após o início da ofensiva militar, mas Bulgária, Macedônia e Montenegro negaram acesso a seu espaço aéreo, segundo o jornal sérvio Vecernje Novosti.
Em uma entrevista coletiva, Lavrov descreveu como "inconcebível" e "escandalosa" a decisão dos três países europeus. Um gesto considerado "hostil" pelo porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Os ucranianos pedem há várias semanas lança-foguetes para que consigam atacar as posições russas e, ao mesmo tempo, posicionar suas baterias mais distantes da frente de batalha.
No domingo, as autoridades ucranianas afirmaram que o conflito com a Rússia virou uma guerra de desgaste e que precisam do envio constante de ajuda militar para derrotar o exército russo, que já ocupa 20% do território da Ucrânia.
O Reino Unido prometeu enviar lança-foguetes M270 MLRS, com um alcance de 80 quilômetros, que "aumentarão significativamente as capacidades das forças ucranianas", anunciou o ministério da Defesa britânico em um comunicado.
A decisão foi tomada em "estreita coordenação" com Washington, que anunciou na semana passada o fornecimento de equipamentos do sistema Himars, lança-foguetes que permitem disparos múltiplos e são instalados em veículos blindados leves com alcance similar aos dos equipamentos do Reino Unido.
Especialistas militares destacam que este alcance é ligeiramente superior ao de sistemas análogos russos, o que permitiria à Ucrânia atacar a artilharia inimiga sem ser atacada por esta.
O chanceler russo Lavrov também fez um alerta aos países ocidentais a respeito do envio de armas de longo alcance à Ucrânia. "Quanto mais armas de longo alcance enviarem, para mais longe do nosso território as empurraremos".
Em entrevista ao canal Rossiya-1, o presidente Vladimir Putin ameaçou "atacar alvos que não atacamos até o momento" caso a Ucrânia receba mísseis de longo alcance dos países ocidentais.
O presidente russo não definiu o alcance a partir do qual Moscou deve reagir, nem quais seriam os alvos.
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