Entre cultura narco e denúncia social, corridos mexicanos ganham espaço nas plataformas digitais

Impulsionados pelas plataformas digitais, intérpretes de corridos mexicanos conquistam novas audiências para o estilo musical que fala sobre o narcotráfico - às vezes bem, outras mal - mas também denuncia a criminalidade e outros problemas sociais.

O gênero surgiu durante a Revolução Mexicana (1910-1917) como relato alternativo à história oficial, segundo pesquisadores do estado de Sinaloa (noroeste).

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Abraham Vázquez, de 22 anos, com influências do hip hop, e Vivir Quintana, de 32 anos, e sua estética punk, são alguns dos nomes que levam os corridos aos serviços de música online.

Vázquez, originário de Chihuahua (norte), tem 1,1 milhão de ouvintes mensais no Spotify e seu corrido "El de las dos pistolas" (2019) já foi ouvido reproduzido mais de 52,7 milhões de vezes nesta plataforma. No YouTube, tem 27,7 milhões de visualizações.

Quintana, professora em Coahuila (norte), adepta do "antinarcocorrido"lançou recentemente o "El corrido de Milo Vela", tributo ao jornalista Miguel Ángel López, assassinado em 2011 com sua esposa e filho em Veracruz.

Por ser considerado apologia ao crime, os narcocorridos foram proibidos nos estados de Sinaloa, Baja California e Chihuahua (onde as sanções vão de 36 horas de prisão a multas de até 20 mil dólares). No entanto, o estilo que muitas vezes exalta traficantes de drogas parece encontrar refúgio online.

"Com as plataformas acho muito difícil um controle porque infelizmente os jovens veem o narcotráfico como uma atividade atrativa, com a qual podem ganhar dinheiro fácil", adverte o pesquisador Juan Antonio Fernández.

No entanto, seus compositores rejeitam o rótulo de narcocorrido por considerar estigmatizante, afirmando que só existe o corrido.

Mas na prática, é possível verificar esta adoração aos traficantes. Em 2019, por exemplo, no festival californiano Coachella, centenas de pessoas vibraram com Los Tucanes usando camisetas com a imagem de Joaquín "Chapo" Guzmán, preso nos Estados Unidos.

À margem da vertente que relaciona o estilo à criminalidade, os corridos são tão populares que até mesmo o presidente Andrés Manuel López Obrador utiliza canções de Los Tigres del Norte em sua coletiva de imprensa diária para rejeitar, por exemplo, comentários do governador do Texas, Greg Abbott, sobre migração.

Esta semana, ele publicou uma 'playlist' no Spotify na qual incluiu três corridos desta banda com temática social.

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