Cúpula das Américas começa com turbulências

A Cúpula das Américas começou em meio a fortes turbulências após a exclusão de Cuba, Nicarágua e Venezuela e da ausência do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, que informou nesta segunda-feira(6) que não participaria do encontro que tem como principal tema a crise migratória.

"Não vou à cúpula porque nem todos os países das Américas estão convidados e acredito na necessidade de mudar a política que se impõe há séculos, a exclusão", disse.

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O presidente acrescentou que o México será representado pelo ministro das Relações Exteriores, Marcelo Ebrard, na cúpula, que começa nesta segunda-feira em Los Angeles.

Um funcionário do governo de Joe Biden disse nesta segunda-feira à AFP que "Cuba, Nicarágua e Venezuela não foram convidados a participar desta cúpula" porque os "Estados Unidos seguem mantendo reservas sobre a falta de espaços democráticos e a situação dos direitos humanos" nos três países.

"Os Estados Unidos reconhecem e respeitam a posição dos aliados em apoio ao diálogo inclusivo. Os representantes não governamentais de Cuba, Venezuela e Nicarágua estão inscritos para participar de três fóruns", disse o funcionário de Washington.

"O evento já é um fracasso neoliberal" que "isola e desconecta os EUA de Nossa América. São pressões e chantagens", escreveu nesta segunda-feira no Twitter o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, apesar de o presidente da ilha, Miguel Díaz-Canel, já ter confirmado que não iria.

Os presidentes de Honduras, Xiomara Castro, que se alinhou com AMLO, e da Guatemala, Alejandro Giammattei, cuja gestão já recebeu críticas da Casa Branca, anunciaram que recusaram o convite para assistir ao encontro.

Durante a semana haverá reuniões da sociedade civil com alguns governantes, encontros acadêmicos e de líderes empresariais. As eleições presidenciais estão previstas para quinta dia 9 e sexta, 10.

A cúpula, que encerrará em 10 de junho e que se celebra no contexto da guerra na Ucrânia, permitirá a Biden reunir-se com alguns de seus colegas, como o brasileiro Jair Bolsonaro, que confirmou presença e deve chegar na quinta-feira.

A ausência de AMLO e de vários presidentes centro-americanos, fundamentais para discutir a crise migratória na região, ocorre enquanto milhares de migrantes chegam à fronteira dos Estados Unidos.

Nesta segunda-feira, uma caravana que estava no sul do México partiu em direção ao norte.Muitos são venezolanos e nicaraguenses, que viajam em busca de emprego e uma melhor situação financeira.

Milhares de pessoas, principalmente da América Central e outros países de América Latina, cruzam México diariamente rumo aos Estados Unidos. Eles dizem que fogem da violência e da pobreza em seus países, agravadas pela pandemia de covid-19.

Apesar das ausências, estão em pauta temas como o crescimento econômico, a recuperação pós-pandemia, a luta contra o aquecimento global e especialmente a migração.

A questão da migração impactar Biden nas eleições de meio de mandato em novembro, nas quais disputa o controle do Congresso.

O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, cancelou sua viagem após testar positivo para covid-19, informou nesta segunda-feira no Twitter.

"Realizei um PCR hoje para a viagem de amanhã para a Cúpula das Américas. O resultado foi positivo e por isso devo cancelar todas as atividades durante os próximos dias", escreveu.

Nesta segunda-feira, são esperados os presidentes do Panamá, Laurentino Cortizo, importante país de trânsito de migrantes; e do Chile, Gabriel Boric, que criticou a exclusão de convidados.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que celebrou no fim de semana os "passos leves mas significativos" dos Estados Unidos ao permitir que petroleiras operem no país, também ficou de fora. Washington não o reconhece como legítimo governante.

Também não reconhece Daniel Ortega, da Nicarágua, que já havia declarado que não tinha interesse em participar da cúpula apesar dos apelos de AMLO.

"O próprio governo dos Estados Unidos se encarregou de cortar a possibilidade de sucesso da Cúpula das Américas", afirmou Maduro no fim de semana.

Ele estimou que o presidente argentino, Alberto Fernández, que assistirá à cúpula, "levará (...) a voz da América Latina e Caribe".

"Sei que estaremos bem representados", afirmou.

Os três excluídos realizaram há poucos dias sua própria cúpula com o presidente boliviano, Luis Arce, que disse que não iria se não houvesse a participação de todos. A ausência das 14 nações do Caribe também colocou sua presença em dúvida.

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