Tedros, de 'filho da guerra' a chefe da OMS

Primeiro africano a liderar a Organização Mundial da Saúde (OMS), o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus, que deve ser reeleito nesta terça-feira (24) para um segundo mandato, apresenta-se como um homem de paz, marcado por uma infância imersa na guerra.

Especialista em malária, graduado em imunologia e doutor em saúde comunitária, o Dr. Tedros, como gosta de ser chamado, foi ministro da Saúde e das Relações Exteriores de seu país.

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Aos 57 anos, este rosto familiar da luta contra a covid é o único candidato.

O seu mandato, como destacou recentemente, foi marcado pelos conflitos no Iêmen e na Ucrânia.

Acostumado a ir para o front, visitou hospitais ucranianos bombardeados.

"Muito mais do que pandemias, a guerra mina e destrói as fundações sobre as quais repousam sociedades anteriormente estáveis" e os conflitos deixam "cicatrizes psicológicas que podem levar anos ou décadas para cicatrizar", disse Tedros recentemente, para quem "a paz é essencial para a saúde".

É algo que ele viveu na própria carne.

"Sou filho da guerra", disse Tedros na abertura da 75ª Assembleia Mundial da Saúde, que reúne os Estados membros da organização.

"Estive no meio da guerra quando era muito jovem", contou Tedros.

Quando sua mãe ouvia tiros à noite "ela nos fazia dormir debaixo da cama (...) na esperança de que estaríamos protegidos se uma granada caísse em nossa casa".

Anos depois, quando a guerra ressurgiu na Etiópia em 1998, "esse medo" voltou quando foi a vez de seus filhos "se esconderem em um bunker".

"Não sou apenas um filho da guerra, mas ela me segue em todos os lugares".

Sua infância também foi marcada pela morte de um irmão por falta de medicamentos.

Tedros é muito apreciado, especialmente pelos africanos, por ter feito a comunidade internacional olhar mais para o continente, principalmente durante a pandemia.

No entanto, seu próprio país o acusa de ter "abusado de suas funções" após comentários sobre a situação humanitária em Tigré.

A chegada do democrata Joe Biden à Casa Branca, que marcou o retorno dos Estados Unidos à OMS, deu-lhe um novo impulso após ser constantemente atacado por Donald Trump, que havia cortado financiamento à organização, acusando-a de administrar mal a pandemia.

O tom crítico de Tedros em relação à China, que ele acredita não ser suficientemente transparente sobre a origem da pandemia, rendeu-lhe algumas advertências de Pequim, mas o gigante asiático ainda apoia sua reeleição.

Um escândalo de violência sexual na República Democrática do Congo envolvendo funcionários de sua organização rendeu a ele uma série de críticas de vários países-membros, que consideraram sua resposta muito branda.

Após um primeiro mandato marcado pela covid, que expôs as fraquezas da OMS, Tedros terá que vencer o desafio de reforçar a agência da ONU, principalmente para melhor prevenir e gerenciar futuras epidemias.

apo/vog/lch/meb/zm/mr

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