Inteligência espanhola espionou separatistas catalães com autorização judicial (imprensa)

Os serviços de inteligência espanhóis espionaram separatistas catalães, mas sempre com autorização judicial e de forma individualizada, não "maciça" como denunciaram líderes independentistas, revelou nesta terça-feira (26) o jornal El País, citando fontes próximas ao Centro Nacional de Inteligência (CNI).

O caso da suposta espionagem maciça veio à tona há uma semana, quando a Citizen Lab, organização canadense de cibersegurança, identificou mais de 60 pessoas do círculo separatista catalão com seus celulares infectados entre 2017 e 2020 com o software de espionagem israelense Pegasus, cujo fabricante afirma vender exclusivamente a Estados.

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Entre eles estavam dirigentes de destaque no movimento independentista, o que irritou os separatistas, que acusaram Madri de estar por trás destas ações e ameaçaram retirar seu apoio decisivo ao governo central no Parlamento.

Segundo fontes próximas ao CNI citadas pelo El País, de fato houve espionagem contra líderes separatistas a partir dos serviços de inteligência, mas "de forma individualizada" e "não indiscriminada" e o total de vigiados foi "muito inferior" ao denunciado.

As fontes, que colocaram em dúvida "o rigor" do relatório da Citizen Lab, afirmaram que o serviço de espionagem agiu "sempre sob controle judicial" do Tribunal Supremo.

Segundo o El País, uma das ferramentas usadas para a espionagem foi o Pegasus, um sistema que permite ler mensagens ou controlar o telefone à distância, adquirido pelo CNI em meados da década passada por 6 milhões de euros (6,4 milhões de dólares).

O CNI não respondeu de imediato os pedidos de comentários da AFP.

Diante da pressão dos separatistas, o governo de Pedro Sánchez, que se escudou no sigilo obrigatório em temas de Inteligência para não confirmar, nem desmentir as informações, anunciou no fim de semana investigações e um controle parlamentar dos serviços de Inteligência, e assegura que não foram cometidas irregularidades.

"O Governo da Espanha está muito tranquilo, tem a consciência tranquila", disse nesta terça o ministro da Presidência, Félix Bolaños, na coletiva de imprensa semanal após o conselho de ministros.

Por sua vez, a ministra da Defesa, Margarita Robles, cuja pasta é responsável pelo CNI, insistiu no Senado em que "o governo age cumprindo escrupulosamente a legalidade, e assim como o governo todos os seus organismos públicos".

O Executivo de esquerda do socialista Pedro Sánchez, minoritário no Parlamento, depende do apoio de partidos separatistas, começando pelo da formação ERC, do atual presidente da Catalunha, Pere Aragonés, e até agora estas formações têm tachado as explicações como "insuficientes" e "vagas".

As tensões prolongadas entre o separatismo catalão e Madri atingiram seu ponto culminante em outubro de 2017, quando os separatistas organizaram um referendo ilegal de autodeterminação e posteriormente declararam de forma unilateral, e sem sucesso, a independência da região.

As tensões tinham se diluído após a retomada, em 2020, do diálogo entre os separatistas e o governo Sánchez, que indultou no ano passado nove condenados pelos fatos de 2017, em nome da "reconciliação".

du-al/mvv

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Catalunha política Espanha espionagem

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