EUA reúne aliados para enviar mais armas à Ucrânia; ONU pede cessar-fogo

O governo do Estados Unidos reúne nesta terça-feira (26) na Alemanha representantes de quase 40 países aliados para enviar mais armas à Ucrânia e ajudar o país a enfrentar a Rússia, no mesmo dia de uma visita do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, a Moscou, onde ele pediu um cessar-fogo o "mais rápido possível".

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, preside uma reunião com os colegas aliados na base americana de Ramstein, na Alemanha, para acelerar o envio de armas às tropas ucranianas.

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Embora em março as forças ucranianas tenham conseguido conter a ofensiva russa contra a capital, Kiev, a Rússia avança lentamente no sul do país e no Donbass (leste), área parcialmente controlada pelos separatistas pró-Moscou desde 2014, duas regiões que os russos pretendem controlar por completo.

Apesar do cenário, Austin afirmou na segunda-feira que os ucranianos podem "vencer caso tenham os equipamentos certos, o apoio adequado". No domingo, ele e o secretário de Estado americano, Antony Blinken, visitaram a Ucrânia pela primeira vez desde o início do conflito, em 24 de fevereiro.

Depois de se recusar a fornecer armas de ataque à Ucrânia, Estados Unidos, Reino Unido, França e República Tcheca mudaram de posição.

Até mesmo a Alemanha pretende enviar tanques do tipo "Gepard", especializados na defesa antiaérea, afirmou uma fonte do governo de Berlim.

Mike Jacobson, especialista civil em artilharia, afirmou que os países ocidentais pretendem dar condições à Ucrânia de responder aos bombardeios russos de longo alcance, que têm como objetivo provocar o recuo das forças de Kiev antes da presença de tanques e soldados para ocupar o território.

De acordo com o analista, os ocidentais esperam que, com melhores equipamentos de defesa antiaérea, drones de ataque e apoio no setor de inteligência, a Ucrânia consiga destruir parte do poder de fogo russo.

No plano diplomático, as negociações entre Rússia e Ucrânia parecem mais estagnadas que nunca.

Nesta terça-feira, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, visita Moscou, onde se reunirá com o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, e com o presidente Vladimir Putin, em uma viagem que também o levará a Kiev.

"O que nos interessa muito é encontrar os meios para criar as condições de um diálogo eficaz, criar as condições para um cessar-fogo o mais rápido possível", declarou Guterres antes do encontro com Lavrov.

Na segunda-feira, o chefe da diplomacia russa declarou que Moscou deseja continuar negociando, mas acusou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de "aparentar" a vontade de dialogar com a Rússia, quando na verdade não deseja.

O conflito já forçou quase 13 milhões de ucranianos a abandonar suas casas, incluindo mais de cinco milhões que fugiram do país, segundo a ONU.

Nesta terça-feira, a organização afirmou que o número de pessoas em fuga do país pode alcançar 8,3 milhões ainda este ano.

Com o agravamento da situação, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) - que no início da guerra calculava que o conflito provocaria quatro milhões de refugiados - solicitou, 1,85 bilhão de dólares para financiar suas ações e as de seus colaboradores.

Ao mesmo tempo, a ONU dobrou, a 2,25 bilhões de dólares, o pedido de ajuda humanitária de emergência para a Ucrânia.

Zelensky afirmou na segunda-feira à noite que a vitória ucraniana é apenas questão de tempo. "Graças à coragem de todos os ucranianos e de todas as ucranianas, nosso Estado é um verdadeiro símbolo da luta pela liberdade", declarou.

Mas na frente do Donbass, o cenário é difícil e "no plano moral, a situação é complicada. Nem tudo são rosas", declarou à AFP Irina Ribakova, oficial de imprensa da 93ª brigada ucraniana.

Várias cidades como Izium ou Kreminna caíram nas últimas duas semanas e a Rússia continua avançando, enquanto os ucranianos se limitam a conter os ataques há vários dias.

Tanto no Donbass como no sul, "o inimigo bombardeia posições de nossas tropas ao logo de toda a linha de frente", afirmou o ministério da Defesa ucraniano.

Dois mísseis russos atingiram durante a manhã a cidade de Zaporizhzhia: uma pessoa morreu e outra ficou ferida.

Zaporizhzhia, cidade eminentemente industrial às margens do rio Dnieper, onde também fica a maior central nuclear da Ucrânia, recebeu nas últimas semanas milhares de civis que fugiram do cerco de Mariupol (sul) e de outras cidades bombardeadas do Donbass.

Agora, no entanto, a cidade se prepara para um ataque das forças russas a partir da costa, segundo o ministério ucraniano ad Defesa.

A situação parece bloqueada em Mariupol, com a cidade praticamente controlada pelos russos, mas ondem 100.000 civis permanecem retidos, segundo Kiev.

As forças russas continuam bombardeando o grande complexo metalúrgico de Azovstal, onde estão entrincheirados os últimos combatentes ucranianos com - segundo eles - quase 1.000 civis, disse o governador da região de Donetsk, Pavlo Kirilenko.

A Rússia acusou a Ucrânia de impedir a saída dos civis de Azovstal, enquanto a Ucrânia afirmou que não foi alcançado um acordo que garantiria uma retirada segura.

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