Candidato liberal vence atual primeiro-ministro em eleições na Eslovênia

Um candidato liberal, novato político, venceu as eleições legislativas deste domingo (24) na Eslovênia, de acordo com resultados parciais quase conclusivos, à frente do controverso primeiro-ministro Janez Jansa.

O Movimento para a Liberdade (GS), do liberal Robert Golob, de 55 anos, obteve 34% dos votos, bem à frente dos 24% obtidos pelo Partido Democrático da Eslovênia (SDS) de Jansa, de 63, após a contagem de 93% dos votos.

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"As pessoas querem mudanças e confiaram em nós", disse Golob, ex-executivo do setor de energia solar, de sua casa, onde está em quarentena devido à covid-19.

Na sede de seu partido, na capital, Liubliana, o resultado foi recebido com aplausos e gritos de alegria.

"É uma surpresa", reagiu à imprensa a vice-presidente do GS, Urska Klakocar Zupancic, elogiando a vitória "da democracia".

Por outro lado, o ministro do Interior, Ales Hojs, afirmou que preferia esperar pelo anúncio "oficial dos resultados".

O resultado deste domingo marca uma grande derrota para Jansa, que é onipresente na vida política eslovena há três décadas.

Os eslovenos foram às urnas ao longo do dia para eleger os deputados, em eleições realizadas num contexto de descontentamento da sociedade civil com as ações do governo, que gerou protestos nos últimos meses.

Às 16h00 (11h00 de Brasília), a taxa de participação era de 49,3%, ou seja, quase 15 pontos a mais que em 2018 no mesmo horário (34,4%), segundo a Comissão Eleitoral. A isso deve ainda ser adicionado o voto antecipado.

"Não acho que a situação seja tão ruim, mas tenho a sensação de que a democracia está sendo atacada há dois anos", comentou Marija, uma aposentada que não quis dar seu sobrenome, após votar.

O polêmico Jansa foi criticado tanto nas ruas de seu país quanto na União Europeia, acusado de copiar o estilo autoritário do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban.

O líder, que voltou ao poder em março de 2020, é acusado de repetidas violações do Estado de direito pela Comissão Europeia, que ele descreve como "burocratas pagos em excesso".

Durante esses dois anos, seu governo "realizou repetidos ataques contra o Estado de direito e as instituições democráticas", observou a influente ONG americana Freedom House em seu relatório anual publicado esta semana, citando "ataques" contra o judiciário e os meios de comunicação.

Admirador declarado do ex-presidente dos EUA Donald Trump e aliado do ultraconservador Orban, Jansa privou a agência nacional de notícias STA de fundos públicos por meses, considerando-a muito crítica.

Falando à AFP, Uros Esih, comentarista político do jornal Delo, disse que vê as eleições como "uma batalha entre forças liberais e não liberais" e teme que uma vitória de Jansa aproxime a Eslovênia da Hungria, onde Orban, reeleito no início de abril, amordaçou as instituições.

A Eslovênia, "uma vez considerada um modelo no Leste Europeu", tem visto "as liberdades cada vez mais cerceadas", segundo o analista Valdo Miheljak.

Se eleito, Golob promete um retorno à "normalidade".

Além das quarenta cadeiras que parece ter garantido, ele deve conseguir associar-se a uma ou duas formações de centro-esquerda para conseguir uma maioria no Parlamento, de 90 deputados.

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