Rússia rejeita acusações de Biden de 'genocídio' na Ucrânia e combates continuam em Mariupol

As forças russas intensificaram nesta quarta-feira (13) sua ofensiva em Mariupol, no sudeste da Ucrânia, onde pelo menos 20 mil pessoas já morreram segundo Kiev, enquanto a Rússia rejeita as acusações de genocídio feitas pelo presidente americano Joe Biden.

Moscou anunciou nesta quarta-feira que mais de mil soldados ucranianos se renderam em Mariupol, uma estratégica cidade portuária que as forças russas atacam há mais de 40 dias.

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Cerca de "1.026 soldados ucranianos da 36ª Brigada da Infantaria da Marina entregaram voluntariamente as armas e se renderam" na região da metalúrgica de Ilich, dos quais 150 ficaram feridos e foram levados para o hospital de Mariupol, indicou um funcionário do Ministério da Defesa russo.

Durante a madrugada, a televisão estatal russa, que anunciou a rendição, mostrou homens com uniformes camuflados que transportavam feridos em macas.

Conquistar esta cidade seria uma vitória importante para os russos que consolidariam seus avanços territoriais na costa do Mar de Azov, unindo a região do Donbass, controlada em parte por seus apoiadores, com a Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

Entre 20.000 e 22.000 pessoas morreram em Mariupol, disse na terça-feira à CNN, Pavlo Kirilenko, governador ucraniano da região de Donetsk, apesar de admitir que era "difícil precisar um número de vítimas".

Sua tomada parece inevitável para alguns especialistas militares, mas depois de mais de seis semanas, as forças ucranianas ainda resistem.

A batalha se concentra na gigantesca zona industrial da cidade. Nesta quarta-feira, o exército ucraniano indicou no Telegram que os bombardeios russos continuavam, principalmente contra o porto e complexo metalúrgico de Azovstal, reduto das forças ucranianas.

Jornalistas da AFP em Mariupol descrevem a cidade em ruínas, enquanto alguns ucranianos afirmam que está "90% destruída".

Rumores, ainda não confirmados, mencionam o uso de armas químicas por parte das forças russas.

Segundo o secretário de Estado americano, Antony Blinken, "as forças russas podem ter usado dispositivos antidistúrbios, incluindo gás lacrimogêneo misturado com agentes químicos" contra "combatentes e civis ucranianos".

Moscou garante que "a ameaça do terrorismo químico" vem dos ucranianos.

Os bombardeios seguem também no leste. Em Kharkiv, pelo menos sete pessoas morreram nas últimas 24 horas, anunciou o governador regional.

Autoridades ucranianas estão pedindo aos civis que deixem a região o mais rápido possível, em meio a temores de uma ofensiva iminente pelo controle total do Donbass, com presença desde 2014 tanto de forças ucranianas como de seus inimigos separatistas pró-russos.

A Ucrânia não abrirá nenhum corredor humanitário nesta quarta-feira porque os russos "bloquearam ônibus" e "violaram o cessar-fogo" em algumas regiões, disse um funcionário do governo.

Analistas acreditam que o presidente russo Vladimir Putin quer garantir uma vitória no leste antes do desfile militar de 9 de maio na Praça Vermelha, que celebra o triunfo soviético sobre os nazistas em 1945.

No final de março, Moscou retirou suas forças da periferia de Kiev e do norte da capital, concentrando seus esforços no sul e leste.

Autoridades ucranianas afirmam que corpos são encontrados todos os dias.

A Ucrânia é "cenário de um crime", afirmou o procurador-geral do Tribunal Penal Internacional (TPI), o britânico Karim Khan, durante uma visita à Bucha, que se tornou símbolo das atrocidades do conflito desde que centenas de cadáveres foram encontrados na cidade no final de março.

"Estamos aqui porque temos boas razões para acreditar que estão cometendo crimes da competência deste tribunal", disse Khan.

Putin nega qualquer abuso na Ucrânia e qualificou as acusações como "falsas".

O corpo do prefeito de Gostomel, que morreu em 7 de março, foi exumado na terça-feira a pedido de investigadores ucranianos que apuram possíveis crimes de guerra.

Em uma localidade ao sul, próximo a Kherson, soldados russos fuzilaram sete pessoas, denunciou nesta quarta a Procuradoria-Geral ucraniana.

Segundo o Ministério Público, os soldados russos dispararam dentro de uma casa e depois a explodiram para acobertar o crime.

Em Dnipro, cidade industrial do leste, o necrotério abriga mais de 1.500 soldados russos que "ninguém quer reclamar", informou o funcionário da prefeitura Mikhail Lysenko, que pediu "às mães russas que venham buscar seus filhos".

A Rússia fornece poucas informações sobre suas baixas. No último balanço oficial, publicado em 29 de março, era de 1.351 mortos e 3.825 feridos, mas o porta-voz do Kremlin reconheceu na semana passada que o país sofreu "perdas importantes" de militares.

Em Washington, Joe Biden acusou Putin de "genocídio" na Ucrânia, um termo até então utilizado principalmente pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que elogiou no Twitter as "palavras verdadeiras de um verdadeiro líder".

Estas acusações são "inaceitáveis", segundo o Kremlin.

Zelensky continua exigindo "urgentemente mais armas pesadas" para "evitar mais atrocidades russas" e espera que o chanceler alemão Olaf Scholz visite Kiev, segundo seu assessor Oleksii Arestovich.

Mais de 4,65 milhões de ucranianos deixaram o país desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro, segundo os últimos dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

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