'Que continue!': os mexicanos que votam no referendo de López Obrador

Sorridente, Carmen chegou à sua cabine de votação na Cidade do México para apoiar a continuidade do cargo do presidente Andrés Manuel López Obrador, durante o referendo revogatório deste domingo (10), que Rubén, por outro lado, vê como um exercício inútil.

"Por que vir hoje? Porque eu gosto muito do presidente, e se ele está pedindo, aqui estou eu", disse Carmen Sobrino após votar no bairro central de Del Valle, acompanhada do marido e do cachorro.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

Esta dona de casa de 64 anos está tão satisfeita com a atuação de López Obrador, no poder desde 2018, que chega a propor que ele repita no cargo, algo que a Constituição não permite.

"Estou feliz com ele, espero que continue e repita. Claro!", acrescentou.

AMLO, como é conhecido pelas iniciais de seu nome, foi eleito até 2024, mas promoveu a consulta após o Congresso - com maioria oficialista - incorporá-la à Carta Magna em 2019 para que os cidadãos possam revogar o mandato na metade do período.

O bairro onde Carmen votou fica no distrito de Benito Juárez, reduto do Partido da Ação Nacional (PAN, conservador), onde o partido governista Morena sofreu um duro revés nas eleições legislativas e regionais de 2021.

À medida que o dia avançava, assembleias de voto ficavam cada vez mais lotadas, principalmente de idosos, entre os principais beneficiários dos programas sociais do presidente de 68 anos.

Para Flor Mercedes Rodríguez, economista de 59 anos, o referendo é a oportunidade de "retomar a cultura da participação cidadã". "É o sustento da democracia (...) Para que o presidente continue, aliás!"

Mas os críticos de López Obrador, cuja popularidade fica em torno de 58% segundo as pesquisas, veem isso como um exercício para fortalecer sua posição na metade do governo.

"AMLO, você não está só!", diziam cartazes exibidos na Cidade do México.

Em contraste, a oposição pedia a abstenção, com lemas como "termine e vá embora!", alegando que a consulta é um capricho do presidente e, portanto, um gasto desnecessário.

"Não me interessa, não é do meu interesse, embora seja algo que diz respeito a todos os mexicanos", disse Rubén López, um vendedor de 58 anos.

"Independentemente do que diga ou não diga, ele continuará como presidente, não entendo por que gastar o dinheiro", acrescentou.

No entanto, Laura Mena, na fila para votar no bairro central de Roma, disse que os mexicanos teriam "poupado muitos problemas" se no passado tivessem "conseguido avaliar seus governantes depois de três anos".

"O que me interessa é que seja uma prática a cada três anos podermos avaliar nossos presidentes", disse.

Apesar do entusiasmo nos gabinetes de governo, especialistas estimam que será difícil que o exercício alcance os 37 milhões de votos necessários para que o resultado seja vinculativo, em parte pelo pouco interesse que a convocação despertou.

A votação também coincidiu com o Domingo de Ramos, uma data significativa para o catolicismo, que marca o início do feriafo da Páscoa. Quase 78% dos 126 milhões de mexicanos professam essa religião, segundo dados oficiais.

bur-yug/axm/gm/ap

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

política México referendo

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar