Johnson promete armas à Ucrânia após bombardeio mortal em Kramatorsk

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, prometeu neste sábado (9), durante uma visita surpresa a Kiev, enviar veículos blindados e mísseis anti-embarcações à Ucrânia, no dia seguinte de um bombardeio que deixou mais de 50 mortos em uma estação perto da linha de frente com tropas russas.

Após uma conversa com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, Johnson prometeu 120 veículos blindados e novos sistemas de mísseis contra embarcações e descreveu a resistência contra a invasão ordenada há mais de seis semanas pelo presidente russo, Vladimir Putin, como "a maior façanha do século XXI".

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"Graças à liderança decisiva do presidente (ucraniano, Volodimir) Zelensky e ao invencível heroísmo e à coragem do povo ucraniano, os planos monstruosos do (presidente russo, Vladimir) Putin foram desbaratados", disse Johnson, citado por Downing Street.

Johnson é o primeiro chefe de Estado ou governo de potências do G7 que viajar a Kiev desde o início da invasão, em 24 de fevereiro.

Mas as demonstrações de apoio e as visitas de altos funcionários ocidentais se multiplicaram desde a descoberta, há uma semana, de dezenas de corpos em roupas civis em Bucha, uma cidade perto de Kiev ocupada durante semanas por tropas russas.

Soma-se a essa tragédia, que Johnson qualificou como um "crime de guerra", a morte de pelo menos 52 pessoas em um artaque com mísseis na estação ferroviária de Kramatorsk, na parte de Donbass (leste) ainda sob controle da Ucrânia.

Este bombardeio ocorreu pela manhã, quando centenas de pessoas diariamente esperam por um trem para fugir de Donbass, palco de uma guerra com separatistas pró-Rússia desde 2014.

O presidente americano, Joe Biden, acusou a Rússia de ter cometido uma "horrível atrocidade".

Na tarde de sexta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, viajou para a Ucrânia visitou uma vala comum em Bucha, juntamente com o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell.

A UE anunciou durante a noite novas sanções contra mais de 200 pessoas do círculo de Putin, incluindo suas duas filhas mais velhas, que terão seus fundos bloqueados nos 27 países do bloco.

"Estamos ativando todo o nosso poder econômico para que Putin pague um preço muito, muito alto" pela invasão da Ucrânia, disse von der Leyen em Kiev.

"A Rússia afundará na decomposição econômica, financeira e tecnológica e a Ucrânia marchará em direção a um futuro europeu", previu.

Zelensky exigiu que a resposta internacional ao bombardeio da estação não seja meramente retórica.

"As potências mundiais já condenaram o ataque da Rússia a Kramatorsk. Esperamos uma resposta mundial firme contra este crime de guerra", declarou.

Moscou negou envolvimento no ataque, assegurando que não dispunha do tipo de míssil usado e que o bombardeio tinha sido uma "provocação" ucraniana.

No entanto, um alto funcionário da Defesa americana destacou que os russos "notificaram inicialmente um ataque exitoso" e que "se retrataram unicamente após informações sobre vítimas civis".

Em frente à estação havia restos retorcidos do míssil, com a inscrição em russo: "Por nossos filhos", uma frase habitualmente usada pelos separatistas pró-russos, em alusão a seus filhos mortos desde os confrontos com as forças ucranianas.

Em plena intensificação do conflito, a Ucrânia anunciouque realizou uma terceira troca de prisioneiros com a Rússia, que permitiu a libertação de 12 soldados ucranianos e 14 civis.

Na manhã deste sábado (9), as evacuações de civis de Kramatorsk continuavam por estrada. Micro-ônibus e caminhonetes levaram dezenas de sobreviventes do ataque de sexta-feira, que passaram a noite em uma igreja do centro da cidade, perto da estação, comprovaram jornalistas da AFP.

Em Varsóvia, Von der Leyen anunciou que a campanha global de ajuda aos refugiados e deslocados ucranianos arrecadou 10,1 bilhões de euros (US$ 11 bilhões), uma quantia "fantástica".

"A solidariedade de países, empresas e pessoas ao redor do mundo traz alguma luz em horas tão sombrias", declarou.

Cerca de 4,4 milhões de pessoas deixaram a Ucrânia desde o início da invasão russa. A ONU estima que também existam 7,1 milhões de pessoas deslocadas internamente

Após retirar suas tropas de Kiev e do norte da Ucrânia, a Rússia concentra sua ofensiva no Donbass e na faixa costeira do sul do país. Analistas consideram que Putin quer assumir o controle desta região antes de 9 de maio, quando se comemora o fim da Segunda Guerra Mundial.

As autoridades ucranianas tentam minimizar os danos com evacuações aceleradas de civis no leste ou a imposição de um toque de recolher em Odessa, grande cidade portuária do Mar Negro, diante de "uma ameaça de ataques com mísseis".

"Não é segredo, a batalha pelo Donbass será decisiva. O que já vivemos, todo esse horror, pode ser multiplicado", disse o governador de Luhansk (que faz parte do Donbas), Sergii Gaidai.

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