Le Pen busca impulso final para confirmar seu auge nas presidenciais da França

"Se o povo vota, o povo ganha". A candidata de extrema-direita Marine Le Pen buscou, nesta quinta-feira (7), ancorar seu avanço nas pesquisas das eleições presidenciais francesas, que a mostram cada vez mais próxima do presidente centrista Emmanuel Macron, a três dias do primeiro turno.

"Na eleição presidencial, não há abstenção possível. Recuperem o controle!", declarou Le Pen a seus seguidores durante um grande comício em Perpignan (sul), a maior cidade governada por seu partido, o Agrupamento Nacional (RN).

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Segundo a última pesquisa da OpinionWay-Kéa Partners, Macron segue liderando o primeiro turno, com 26% da intenções de voto, mas perdeu dois pontos. Le Pen e o candidato esquerdista Jean-Luc Mélenchon ganharam dois pontos, chegando a 22% e 17%, respectivamente.

No segundo turno, a diferença também foi reduzida: o centrista, de 44 anos, ganharia da candidata de extrema-direita, de 53 anos, por 6 pontos. A pesquisa da Ifop-Fiducial, publicada nesta quinta-feira, reduz ainda mais esta margem, para 4 pontos na votação de 24 de abril.

"Vendo a dinâmica de Marine Le Pen, terá que ligar o turbo no segundo turno", um assessor de campanha de Macron reconheceu à AFP. Agora, o objetivo é "evitar que fique na frente no primeiro turno", apontou outro de seus funcionários.

Le Pen e Macron já disputaram as chaves do Eliseu em 2017, quando o centrista venceu com 66,1% de votos. Dessa vez, pesquisas apontam que o resultado pode ser invertido, em uma França pós-covid e em meio a guerra na Ucrânia.

A gestão da pandemia e sua liderança na mediação entre Moscou e Kiev reforçam a aura presidencial de Macron, enquanto Le Pen se vê impulsionada por sua campanha centrada na principal preocupação dos franceses: o poder aquisitivo.

A representante da extrema-direita procura atacar a política voltada para as classes populares do liberal, o apresentando como "presidente dos ricos". Enquanto isso, Macron ataca a "complacência" de Le Pen com o presidente russo, Vladimir Putin.

"Mudou, é mais humana, está preparada", disse Brent van Pelt, um agente imobiliário de 23 anos, que destacou sua aposta no poder aquisitivo: "Uso o carro todos os dias. Encher o tanque passou de 80 para 100 euros".

Por outro lado, para Monique Galy, "Marine Le Pen esconde bem seu jogo, é ainda mais perigosa". Sentada na varanda de um café, esta profesora aposentada confessou sua "vergonha" de viver em uma cidade onde o prefeito acolhe refugiados ucranianos, mas não sírios.

A guerra na Ucrânia "não tem realmente o mesmo peso que o poder aquisitivo, o meio ambiente, a imigração e a seguranças", garantiu o diretor do centro de pesquisa política do Sciences Po (Cevipof), Martial Foucault.

"O voto é um momento em que se revela certa tensão e descontentamento. A ira pode ser expressada votando ou não votando, favorecendo formas de abstenção", acrescentou na televisão Public Sénat.

A três dias do primeiro turno, os 12 candidatos lançam suas últimas fichas para mobilizar os eleitores, em um momento que apenas 69% afirmam com segurança que irão votar. Destes, um em cada três ainda tem dúvidas sobre quem votar, segundo a pesquisa da Ipsos-Cevipof.

Os eleitores do candidato ecologista, Yannick Jadot, e do comunista, Fabien Roussel, são os mais indecisos, no contexto de chamados para um "voto útil" da esquerda em Jean-Luc Mélenchon, para evitar que Le Pen avance para o segundo turno.

"Nunca deixe que digam que seu voto é inútil, que não serve para nada", garantiu Roussel durante um comício nesta quinta-feira em Lille, no departamento Norte, um antigo bastião da esquerda onde Le Pen venceu no primeiro turno de 2017.

Em Nantes (oeste), Jadot defendeu que "a ecologia é o melhor aliado do poder aquisitivo". O clima foi uma grande ausência na campanha eleitoral, mas dezenas de "Marchas pelo Futuro" buscam levá-lo de volta às manchetes no sábado, véspera da eleição.

Macron vai encerrar sua campanha de primeiro turno na sexta-feira com uma entrevista pela manhã para a rádio privada RTL e, pela tarde, para o site Brut, muito consultado pelos jovens, antes de um dia de reflexão no sábado.

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