EUA reforça sanções contra a Rússia, que intensifica guerra no leste da Ucrânia

Os Estados Unidos e o Reino Unido impuseram nesta quarta-feira (6) novas sanções "devastadoras" contra a Rússia, acusada de cometer "crimes de guerra" na Ucrânia, onde as autoridades pediram aos moradores do leste do país que abandonem imediatamente a região em meio aos temores de uma ofensiva do exército russo.

As novas sanções impedem novos investimentos na Rússia e preveem o congelamento de todos os ativos nos Estados Unidos do banco público Sberbank e do Alfa Bank, o maior banco privado do país.

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Washington disse que as medidas visam tornar a Rússia um "pária" na economia mundial.

Por sua vez, as sanções do Reino Unido determinam "o fim das importações britânicas de energia russa" e afetam dois bancos e empresários.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, afirmou que os países da União Europeia terão que decidir "cedo ou tarde" adotar sanções sobre o petróleo e gás da Rússia, um assunto que os divide, dado que alguns são extremamente dependentes das importações de gás russo.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, defende permanentemente um endurecimento das sanções.

"Não posso tolerar nenhuma indecisão depois de tudo o que vivemos na Ucrânia e tudo o que as tropas russas fizeram", disse Zelensky diante do parlamento irlandês.

Ele se referia às acusações de assassinatos de civis pelas tropas russas, após a a descoberta de vários corpos em Bucha, uma cidade perto de Kiev.

Na terça-feira, Zelensky pediu ao Conselho de Segurança da ONU que atue "imediatamente" contra a Rússia por seus "crimes de guerra".

Responsáveis internacionais temem que apareçam outras "atrocidades" como a de Bucha, na medida em que as tropas russas se dirigem para o leste.

O presidente americano, Joe Biden, denunciou "crimes de guerra graves" e afirmou que seus responsáveis deveriam ser responsabilizados.

O Kremlin nega ter matado civis e afirma que as imagens de Bucha são montagens fabricadas para causar impacto internacional e reforçar as sanções. Putin as classificou como uma "provocação grosseira e cínica".

As imagens de satélite captadas quando a cidade estava sob controle russo mostram o que parecem ser corpos espalhados pelas ruas, que depois foram encontrados pelas forças ucranianas e por jornalistas, quando os russos se retiraram

"As últimas notícias da guerra na Ucrânia (...) mostram novas atrocidades, como o massacre de Bucha, e uma crueldade horrível", disse o papa Francisco.

A Assembleia Geral da ONU votará, na quinta-feira, um pedido dos países ocidentais para suspender a Rússia do Conselho de Direitos Humanos do órgão.

Após se afastar da região de Kiev, analistas estimam que a Rússia buscará concentrar sua ofensiva no sul e no leste da Ucrânia, a fim de ocupar a toda a região de Donbass e criar uma continuidade territorial com a Crimeia, anexada em 2014.

As autoridades ucranianas pediram aos habitantes dessa região que partam para o oeste o mais rápido possível.

A opção é sair "agora" ou "correr o risco de morte", afirmou a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk.

Nesta quarta-feira, jornalistas da AFP constataram bombardeios em Severodonetsk, cidade de 100.000 habitantes antes da guerra, na linha de frente com os territórios separatistas pró-russos de Donbass.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, alertou que Putin não desistiu de tomar toda Ucrânia e que a guerra pode durar "meses, até anos".

O conflito, o pior da Europa em décadas, deixou até o momento 20.000 mortos, segundo dados ucranianos.

A guerra entre dois países grandes produtores de matérias primas e, no caso da Rússia, de hidrocarbonetos, provocou uma disparada nos preços dos alimentos e do barril de petróleo em todo mundo.

Em uma tentativa de conter a inflação, os países desenvolvidos membros da Agência Internacional de Energia (AIE) anunciaram que vão retirar 120 milhões de barris de petróleo adicionais de suas reservas. Metade deles serão colocados no mercado pelos Estados Unidos.

Uma das cidades mais atingidas pelo conflito é Mariupol, sitiada e bombardeada pelas tropas russas há semanas.

Segundo seu prefeito, Vadim Boichenko, cerca de 120.000 pessoas permanecem entrincheiradas, privadas de água, comida e eletricidade nessa cidade costeira que antes da guerra tinha meio milhão de habitantes.

Muitos evacuados foram encaminhados a Zaporizhzhia , a cerca de 200 km ao noroeste.

"Foi a decisão mais triste que já tomei. Tive que escolher entre minha mãe e meus netos", afirmou Angela Berg ao recordar sua saída de Mariupol.

Segundo um balanço do Alto Comissariado das Nações para os Refugiados (ACNUR), 4,24 milhões de ucranianos abandonaram o país desde 24 de fevereiro e há mais de 7 milhões de deslocados internos. Antes da guerra, o pais tinha 37 milhões de habitantes nas regiões controladas pelo governo.

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Ucrânia EUA conflito Rússia

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