'Abram as escolas', clamam mulheres e adolescentes em protesto em Cabul

Dezenas de mulheres e meninas se manifestaram, neste sábado, em Cabul, sob a palavra de ordem "abram as escolas" para protestar contra a decisão dos talibãs de fechar os institutos secundaristas horas depois de terem aberto esses colégios.

Em 23 de março, milhares de meninas chegaram alegres às escolas secundaristas no dia em que o Ministério da Educação estabeleceu para a retomada das aulas.

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Porém, algumas horas depois, as autoridades anunciaram que reverteram a decisão, pela qual as jovens disseram se sentir traídas, o que gerou indignação dos governos estrangeiros.

"Abram as escolas!", gritaram as manifestantes, algumas delas portavam seus livros de aula.

Muitas levavam cartazes com a mensagem "A educação é nosso direito fundamental, não é um plano político", antes de se dispersarem após a chegada dos talibãs ao local.

Os talibãs não explicaram sua decisão, que se produziu após uma reunião de altos quadros na cidade de Kandahar, no sul do país, que é a capital de fato e o centro espiritual para esse grupo islâmico radical.

O plano de abrir as escolas para as mulheres foi produzido após meses de trabalho com governos estrangeiros para apoiar o pagamento dos professores.

As meninas e adolescentes afegãs estão sem acesso à educação há sete meses.

Desde seu retorno ao poder, em 15 de agosto, os talibãs reverteram décadas de avanços nos direitos das mulheres, que foram afastadas de muitos trabalhos no governo, impedidas de viajar sozinhas e obrigadas a seguir um código de vestimenta de acordo com uma interpretação rigorosa do Alcorão.

Os Estados Unidos esperam que os talibãs revertam a sua decisão de excluir as adolescentes das escolas no Afeganistão "nos próximos dias", disse, nesse sábado, o emissário americano para o país, Thomas West.

"Confio em que veremos a reversão dessa decisão nos próximos dias", disse o funcionário americano do lado de fora do Foro de Doha, capital do Catar.

Os Estados Unidos cancelaram as conversas com a linha dura dos talibãs devido a essa proibição.

"Me surpreendeu o retrocesso de quarta-feira(...) Isto é, antes de tudo, uma violação à confiança do povo afegão", disse o funcionário americano.

"Nossa política não está contra a educação das meninas", assegurou à AFP um porta-voz talibã, Suhail Shaheen.

Segundo ele, houve "alguns problemas de ordem prática" que "não foram resolvidos antes da data limite" prevista para a abertura das escolas de ensino médio em 23 de março.

Os observadores temem que os novos líderes do país voltem a proibir a escolarização das meninas, como fizeram durante seu primeiro governo, de 1996 a 2001.

Para a paquistanesa Malala Yousafzai, prêmio Nobel da Paz, que sobreviveu a uma tentativa de assassinato por parte dos talibãs paquistaneses quando tinha 15 anos, dessa vez, será "muito mais difícil" para eles manterem as escolas fechadas.

A diferença em relação a antes é que "as mulheres viram o que significava ter educação".

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educação Afeganistão manifestação

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