Deputados estaduais nos EUA discutem aborto antes da decisão da Suprema Corte
As medidas que restringem ou protegem o aborto estão inundando as legislaturas estaduais nos Estados Unidos antes da decisão da Suprema Corte, que poderia alterar o marco legal que rege sua prática há 50 anos.
Um total de 1.844 dispositivos relacionados à saúde e aos direitos sexuais e reprodutivos foram introduzidas em 46 estados no último mês, de acordo com o Instituto Guttmacher, que defende os direitos ao aborto.
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Deputados de estados do sul liderados por republicanos introduziram leis que endurecem as restrições ao aborto, enquanto deputados em estados governados por democratas aumentaram as medidas que protegem o direito da mulher a decidir.
O frenesi legislativo ocorre quando a Suprema Corte, dominada por conservadores devido à indicação de três juízes pelo ex-presidente Donald Trump, está prestes a derrubar "Roe v. Wade", uma decisão histórica de 1973 que manteve o acesso ao aborto como um direito constitucional.
Em um veredito de 1992, conhecido como "Planned Parenthood v. Casey", o tribunal garantiu o direito da mulher a abortar até que o feto seja viável fora do útero, o que costuma ocorrer entre as 22 e 24 semanas.
Em setembro, o principal tribunal da nação, que tem maioria conservadora em uma relação de 6 a 3, se recusou a bloquear uma lei do Texas que proíbe o aborto depois de seis semanas, antes que a maioria das mulheres sequer saiba que está grávida.
Em dezembro, ouvindo argumentos orais sobre a Lei do Mississippi - que proibiria a maioria dos abortos após 15 semanas - a maioria conservadora do tribunal parecia inclinada não apenas a defender a lei, mas a rejeitar "Roe v. Wade".
A Suprema Corte espera emitir uma decisão no caso do Mississippi em junho. Membros da direita religiosa e conservadora estão otimistas.
"Esperamos que a Suprema Corte reconheça logo o direito das pessoas em cada estado a promulgar leis que protejam as crianças não nascidas e suas mães", disse Sue Liebel, da organização antiaborto Susan B. Anthony List.
Alexis McGill Johnson, presidente da Planned Parenthood, que opera várias clínicas de aborto em todo o país, diz que os sinais do tribunal deram aos políticos "sinal verde para avançar com suas próprias proibições inconstitucionais, reduzindo o acesso ao aborto estado por estado, região por região".
Segundo a Planned Parenthood, mais de 100 medidas protetoras dos direitos do aborto estão sendo consideradas em vários estados, incluindo Califórnia, Colorado, Connecticut, Maryland e Nova Jersey.
De acordo com o Instituto Guttmacher, restrições ao aborto foram introduzidas em 41 dos 50 estados dos Estados Unidos entre 1º de janeiro e 15 de março.
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