Mundo da dança se une para grande gala pela Ucrânia em Londres

Da Rússia à Argentina, passando pelo Japão, França e Cuba, bailarinos renomados de todo o mundo se reúnem neste sábado (19) em uma grande gala em Londres para arrecadar fundos e enviar uma mensagem contra a "atroz" guerra na Ucrânia.

"Como artistas, temos talento e devemos usá-lo para dizer o que acreditamos. A arte tem voz e é essa voz que usamos", disse à AFP o ucraniano Ivan Putrov, co-organizador do evento, antes da gala no London Coliseum, sede da English National Opera.

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Putrov foi bailarino principal do prestigiado Royal Ballet de 2002 a 2010. Agora, vendo seu país dilacerado pela guerra, decidiu, junto com a bailarina romena Alina Cojocaru, formada como ele em Kiev, onde ainda têm amigos e parentes, mobilizar o mundo do balé neste "apelo humanitário".

Duas semanas depois, eles reuniram um esquadrão excepcional para "angariar fundos que salvarão vidas" e "enviar uma mensagem, não apenas ao Ocidente (...), mas aos russos, alguns dos quais nos ouvirão e levantarão suas vozes", porque "o que está acontecendo é terrível", diz.

Grandes estrelas subirão ao palco como a russa Natalia Osipova, a argentina Marianela Núñez e a japonesa Fumi Kaneko, todas do Royal Ballet, o francês Mathieu Ganio da Ópera de Paris, a ucraniana Katja Khaniukova, o espanhol Aitor Arrieta e a americana Emma Hawes do English National Ballet.

Dançarinos e músicos doaram seu trabalho e a renda será destinada ao Disasters Emergency Committee (DEC), uma plataforma que inclui a Cruz Vermelha Britânica e outras 14 ONGs humanitárias, para ajudar as vítimas da guerra.

Entre ingressos e doações, esperam arrecadar mais de 100.000 libras (130.000 dólares, 120.000 euros).

"A arte é apropriada em circunstâncias tão horríveis? Claro, porque dá esperança, dá inspiração às pessoas", diz Putrov.

A gala começará com o hino nacional ucraniano e terminará com "O Triunfo do Amor" do balé "Raymonda" com música do russo Alexander Glazunov.

Entre os dois, 13 coreografias carregadas de simbolismo como "No Man's Land" de Liam Scarlett, "Lacrimosa" de Gyula Pandi ou "Ashes" de Jason Kittelberger.

Também vão tocar os russos Tchaikovsky e Rachmaninoff, entre outros compositores europeus, porque "a cultura russa não tem nada a ver com Putin e Putin não tem nada a ver com a cultura russa", sublinha o ucraniano.

"E a dança está tão integrada há séculos que não pode ser atribuída a nenhuma nação. Esta é uma mensagem de unidade", acrescenta.

Também a presença de Osipova, uma das bailarinas russas mais proeminentes fora do seu país, que se recusou a dar entrevistas, "demonstra que a Rússia não é o equivalente a uma agressão", considera.

Entre os artistas que responderam "presente", o cubano Javier Torres, do Northern Ballet, se apresentaria hoje com sua companhia "Casanova" em Leeds, no norte da Inglaterra. Mas pediu para ser substituído para trazer uma versão masculina de "The Death of a Swan", de Camille Saint-Saëns.

acc/bl

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