Destino de Belarus está ligado ao da Ucrânia, diz opositora Tikhanovskaya

A líder opositora bielorrussa Svetlana Tikhanovskaya afirmou em entrevista à AFP que seu povo apoia a Ucrânia e considerou que o destino de Belarus está ligado ao resultado da guerra.

Em visita a Genebra, a proeminente figura da oposição no exílio explicou na quinta-feira a importância de diferenciar a posição do presidente bielorrusso Alexander Lukashenko, aliado de Moscou contra a Ucrânia, da posição da população.

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"Agora temos que lutar, não apenas contra o governo, não apenas pela libertação de nossos presos políticos, mas também pelos ucranianos, porque entendemos que o destino de Belarus depende do destino da Ucrânia neste momento", disse.

O presidente bielorrusso, que reprimiu o movimento de protesto popular contra sua reeleição em 2020, apoia a invasão russa da Ucrânia iniciada em 24 de fevereiro.

Mas para Tikhanovskaya, considerada a verdadeira vencedora das eleições presidenciais de agosto de 2020 pelo Ocidente, "o povo bielorrusso não apoia esta guerra".

"Lukashenko arrastou nosso país para essa invasão da Ucrânia, porque está pagando ao Kremlin pelo apoio que lhe deram em 2020", afirmou.

Tikhanovskaya lembrou que também estão pagando um alto preço pela posição de seu líder, referindo-se às fortes sanções internacionais. "Eles nos tratam como agressores", lamentou, mesmo quando a população "luta contra a ditadura".

Na sua opinião, a comunidade internacional, em vez de negar vistos aos cidadãos bielorrussos, deve implementar sanções contra empresas estatais e bancos que financiam o governo.

De acordo com um relatório recente da ONU, pelo menos 37.000 pessoas foram presas entre maio de 2020 e maio de 2021 como parte da violenta repressão aos protestos que ocorreram antes e depois das eleições de agosto de 2020, nas quais Alexander Lukashenko venceu. Muitos foram torturados durante sua detenção.

A ONU indica que mais de 900 pessoas foram presas no mês passado durante protestos contra a decisão de permitir que a Belarus tenha o status de país nuclear.

Esta reforma, que poderia permitir a instalação de armas nucleares russas em Belarus, foi adotada no final de fevereiro após um referendo no país.

"As condições dos presos políticos em nosso país são muito piores do que as dos criminosos habituais", disse Tikhanovskaya à AFP, cujo marido, Sergei Tikhanovsky, também opositor, definha na prisão.

A política bielorrussa pediu que a guerra na Ucrânia não esqueça a terrível situação dos direitos humanos no seu país e dirigiu algumas palavras aos opositores na Rússia de Vladimir Putin.

"Enfrentamos uma enorme repressão após as eleições fraudulentas de 2020. Lukashenko (...) usou toda a violência possível contra o povo e agora a situação na Rússia parece a mesma", destacou.

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