AIE teme forte impacto da guerra na Ucrânia na oferta mundial de petróleo
A Agência Internacional de Energia (AIE) afirmou nesta quarta-feira (16) que teme um forte "impacto" no fornecimento mundial de petróleo como resultado das sanções à Rússia pela invasão da Ucrânia, e estimou que o petróleo russo não pode ser substituído de imediato.
"A perspectiva de perturbações em larga escala na produção russa ameaça criar um choque global no fornecimento de petróleo", escreveu a agência, que assessora os países desenvolvidos em política energética, em seu relatório mensal.
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A guerra na Ucrânia está criando grande volatilidade nos mercados, com preços se aproximando de recordes - o petróleo Brent atingiu US$ 139,13 em 7 de março -, mas que desde então baixaram.
A Rússia é o maior exportador mundial de petróleo e produtos refinados para o resto do mundo, com 8 milhões de barris por dia (mbd).
Os Estados Unidos e o Reino Unido adotaram um embargo ao petróleo russo devido à guerra na Ucrânia, mas na União Europeia (UE) o setor energético exclui, por enquanto, essa opção.
A AIE observa que muitas empresas se afastaram da Rússia por conta própria e calcula que a partir de abril 3 mbd de petróleo russo pode não estar disponível.
Diante da escassez, "há poucos indícios de um aumento da oferta do Oriente Médio ou de uma realocação significativa dos fluxos comerciais", observa a AIE.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e os seus aliados no quadro da OPEP+, que inclui a Rússia, recusam atualmente o aumento da produção para facilitar o mercado, mantendo um aumento gradual de 400.000 barris por dia por mês.
Países com capacidade de produção adicional, como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, parecem não querer aumentar sua produção, e o retorno do Irã ao mercado de petróleo, que depende de um possível acordo internacional sobre seu programa nuclear, não será imediato.
A AIE estima que as exportações do Irã podem aumentar cerca de 1 mbd em seis meses, um número insuficiente para compensar a perda de petróleo russo. A Venezuela - com a qual Washington retomou o diálogo - só poderia dar uma contribuição "modesta" caso as sanções dos EUA fossem suspensas.
Fora da OPEP+, outros países provavelmente aumentarão sua produção, como Brasil, Canadá, Estados Unidos e Guiana, mas o potencial é "limitado" no curto prazo.
Os Estados Unidos, em particular, têm potencial com suas reservas de óleo de xisto, mas devem levar meses para se materializar.
Quanto à demanda, a AIE revisou sua projeção para baixo e agora deve crescer 2,1 mbd este ano, para um total de 99,7 mbd.
A AIE, criada em 1974 para lidar com a crise do petróleo, indicou que publicará esta semana recomendações para reduzir a demanda no curto prazo.
Em alguns países existem propostas para diminuir o limite de velocidade nas estradas, reduzir o preço do transporte público ou recorrer ao teletrabalho.
A agência destaca, no entanto, que apesar do grande desafio atual para os mercados de energia também existem "oportunidades" para acelerar a transição energética em detrimento do petróleo.