Irã diz que frustrou tentativa de sabotagem ligada a Israel
As autoridades iranianas frustraram uma operação de sabotagem contra uma importante instalação nuclear do país, e prenderam várias pessoas apresentadas como integrantes de uma rede ligada a Israel, segundo a imprensa estatal.
Este anúncio, feito na segunda-feira à noite, acontece alguns dias após a suspensão das negociações em Viena entre o Irã e as grandes potências para salvar o acordo nuclear de 2015, assinado para impedir que Teerã adquirisse a bomba atômica em troca do levantamento das sanções internacionais que sufocam a economia iraniana.
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O Irã é acusado de querer desenvolver um programa nuclear militar - o que nega - sob o pretexto de um programa civil. Essa acusação é feita, entre outros, por Israel, o maior inimigo da República Islâmica, que considera que o acordo de 2015 não é restritivo o suficiente para Teerã.
Por sua vez, o Irã já acusou Israel de atacar suas instalações nucleares ou os cientistas que trabalham nelas. O Estado hebreu geralmente não comenta as alegações iranianas.
Os suspeitos, que "tinham a intenção de sabotar a central nuclear de Fordo (...), foram detidos pelos serviços de inteligência da Guarda Revoluçionária (o exército Ideológico da República Islâmica)" que frustraram a operação, anunciou o a agência oficial Irna.
Esta fonte não forneceu detalhes sobre a identidade e o número de indivíduos, nem sobre a data das prisões.
O complexo de Fordo, localizado nas montanhas cerca de 180 km ao sul de Teerã, abriga uma usina de enriquecimento de urânio.
De acordo com a Irna, agentes dos serviços de inteligência israelenses "tentaram entrar em contato com um funcionário" de Fordo "recrutando" um de seus vizinhos.
Os suspeitos receberam pagamentos "em dinheiro e em forma de moeda virtual para não deixar rastros".
"Um espião (israelense), que supostamente afirmava trabalhar para uma empresa de Hong Kong, com a ajuda de um intermediário" entrou em contato com o funcionário de Fordo.
A Irna indica que a operação foi frustrada pelo "centro de comando nuclear da Guarda Revolucionária" em cooperação com os serviços de inteligência.
O Irã atribuiu aos serviços secretos israelenses a sabotagem em abril de 2021 de sua usina de enriquecimento de urânio de Natanz, bem como o assassinato de um cientista iraniano em novembro de 2020 perto de Teerã.
O anúncio iraniano coincide com a visita, nesta terça-feira, a Moscou de seu ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian, sobre as negociações em torno do acordo sobre o programa nuclear.
O Irã retomou as negociações há 11 meses na capital austríaca com as grandes potências (China, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha) para tentar reativar o acordo de 2015.
O pacto está comprometido desde que os Estados Unidos se retiraram do acordo em 2018, durante o governo do presidente Donald Trump, e Teerã começou a descumprir seus compromissos.
Após assumir a presidência, o democrata Joe Biden se mostrou favorável a um retorno ao pacto e as negociações foram retomadas com a participação indireta dos Estados Unidos, que não mantém relações diplomáticas com o Irã.
No início de março, um entendimento para salvar o acordo de 2015 parecia iminente. Mas em 5 de março, a Rússia, atingida por sanções ocidentais por sua invasão da Ucrânia, pediu a Washington garantias de que essas sanções não afetariam sua cooperação econômica com o Irã.
Nesta terça-feira, a Rússia assegurou ter recebido garantias dos Estados Unidos de que as sanções impostas contra o país pela guerra na Ucrânia não afetarão sua cooperação com o Irã, o que poderá reativar o acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano.
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