Cerca de 20 mil fogem de cerco russo a Mariupol

Exaustas e tremendo, viajando em carros com para-brisas quebrados ou sem janelas, cerca de 20.000 pessoas conseguiram deixar nesta terça-feira (15) a situada cidade portuária sitiada de Mariupol, sul da Ucrânia, por um corredor humanitário.

"Cerca de 20.000 pessoas deixaram hoje Mariupol em veículos particulares, usando um corredor humanitário. Quatro mil carros saíram da cidade", informou em um comunicado o chefe adjunto da administração presidencial da Ucrânia, Kirilo Timoshenko.

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"Esta é a primeira vez que se pôde respirar em semanas", comentou Mykola, pai de dois filhos, com seu carro cheio de cobertores, sapatos e outros pertences embalados apressadamente.

Sua família estava no comboio de 570 veículos que chegou a Zaporizhzhia, 250 km a noroeste, após deixar a cidade às margens do Mar de Azov, onde as autoridades e organizações humanitárias alertam para uma situação catastrófica.

O restante dos veículos evacuados tiveram que passar a noite na estrada, disse Mykola, que relatou um périplo conturbado no qual o carro da família, com sua mulher e os dois filhos do casal, precisou cruzar um campo minado com ajuda do exército ucraniano.

"Enquanto passávamos, havia um carro carbonizado. Os soldados disseram que uma mulher tinha voado pelos ares após pisar em uma mina uma hora antes de nós chegarmos", contou.

No total, cerca de 29 mil pessoas foram retiradas de várias cidades sitiadas na Ucrânia apenas nesta terça-feira, disse Timochenko.

Na segunda, 160 veículos já haviam deixado ontem a cidade portuária de Mariupol, cujos moradores foram forçados a viver em porões, sem água, comida, luz ou eletricidade.

"Vivíamos debaixo da terra e se estávamos com -4ºC, era uma temperatura boa", explicou Dmytro ao chegar a Zaporizhzhia com a mulher e os dois filhos.

Com as mãos pretas de pó, o homem assegurava que ele e a família não tinham conseguido se limpar em duas semanas, que bebiam água do rio e saqueavam lojas para alimentar os filhos.

Era sua terceira tentativa de sair da cidade. Nas duas anteriores, forças russas com tanques e artilharia lhes disseram para "voltar para casa de novo".

Após uma série de fracassos devido à falta de um cessar-fogo, as evacuações se aceleraram em Mariupol, onde as autoridades asseguram que morreram mais de 2.100 pessoas desde que a invasão russa começou, em 24 de fevereiro.

bur/bds/mis/mb/mvv/lb

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