Europa Ocidental recebe de braços abertos os ucranianos...por enquanto

Milhões de refugiados ucranianos estão chegando aos países da Europa Central e Ocidental, próximos culturalmente, que veem, por enquanto, com agrado esta mão-de-obra adicional e em, muitos casos, qualificada, porém os efeitos desse êxodo massivo preocupam.

Romênia, Hungria, Moldávia e Bulgária são Estados que, desde o fim era comunista, estão mais acostumados a ver sua população ir embora do que receber migrantes.

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Mesmo que a falta de mão obra e o crescimento econômico sólido de alguns destes países fizeram com que, nos últimos anos, fosse necessário recorrer aos trabalhadores ucranianos, os números vistos há semanas são um grande desafio.

Mais de 2,5 milhões de civis fugiram das bombas russas na Ucrânia desde 24 de fevereiro, dia que começou a invasão da Rússia. O destino deles é, em um primeiro momento, os países da região, que são um dos mais despovoados do planeta.

É uma oportunidade que não se deve deixar passar, segundo um patrão em Sofia, Bulgária. Em uma carta ao governo, os representantes patronais recordaram que os ucranianos poderiam ocupar até 200.000 postos de trabalho que estão livres em setores de informática, hotelaria, construção e têxtil.

Sobretudo porque os recém-chegados são também, em sua maioria, eslavos e cristãos ortodoxos. Usam o alfabeto cirílico e, segundo o primeiro-ministro, Kiril Petkov, são "inteligentes, educados e altamente qualificados.

"São europeus, estamos prontos para recebê-los", disse o responsável.

Os responsáveis das empresas olham com especial agrado aos búlgaros da Ucrânia que saíram do país.

Na Bulgária, país de 6,5 milhões de habitante, o Estado mais pobre da UE, há 200 mil ucranianos recenseados, um número que pode subir se os russos tomarem o controle da cidade de Odessa no Mar Negro

Por agora, o país se mostra acolhedor, assim como a Hungria, que, no entanto, possui, desde 2015, uma política de tolerância zero aos migrantes clandestinos que cruzam sua fronteira com a Sérvia vindos do Oriente Médio.

É algo lógico para Viktor Orban, um nacionalista que está no poder há doze anos e em plena campanha para conseguir um quarto mandato consecutivo em 3 de abril.

"Sabemos diferenciar", disse, claramente, o mandatário.

"Os migrantes que vêm do Sul, os prendemos. Os refugiados possuem direito à nossa ajuda", resumiu, sem meias palavras, aos jornalistas na semana passada.

O primeiro ministro também destacou a proximidade cultural e o fato de que há uma minoria húngara na Ucrânia.

Porém não é seguro que todos os refugiados que cruzam a fronteira queiram ficar, já que, ainda que a região esteja em pleno crescimento econômico, seu atraso em relação aos países mais avançados da Europa Ocidental é enorme.

Além do mais, os obstáculos poderiam aparecer rapidamente, já que as mães que chegam sozinhas com seus filhos, os idosos e as crianças constituem uma grande parte das pessoas que pediram asilo e não poderiam se tornar mão-de-obra.

A ONU recorda que, desde 1945, não houve uma onda tão importante e tão rápida de deslocados na Europa.

"Como vai ser absorvida pela Europa? Com certeza, causará problemas", previu Brad Blitz, professora da University College de Londres.

Um exemplo é a Moldávia, com 2,6 milhões de hanbitantes, que já registra 105 mil refugiados da Ucrânia.

"Para enfrentar isso, necessitamos de ajuda e de maneira rápida", disse Natalia Gavrilita, primeira-ministra dessa antiga república soviética, que não faz parte da União Europeia (UE).

Os 27 membros da União Europeia têm que se preparar "para receber centenas de milhares de pessoas", opina Gerald Knaus, do grupo de reflexão European Stability Initiative.

Porque a crise só está começando: "Quem já chegou, são pessoas formadas e preenchem um vazio ocupacional", disse Sieglinde Rosenberger, da Universidade de Viena.

"Porém dentro de alguns meses, quando os mais pobres chegarem, é provável que a posição destes países mude" e voltem às antigas posições hostis em relação aos refugiados, avisa a especialista.

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