Contrariando Bolsonaro, Petrobras anuncia forte alta no combustível

A gigante estatal brasileira do petróleo Petrobras anunciou aumentos expressivos na gasolina e no diesel nesta quinta-feira (10) em resposta à crise na Ucrânia, ignorando as críticas do presidente Jair Bolsonaro ao que ele vê como preços excessivos.

A estatal disse em comunicado que aumentará o preço da gasolina em suas refinarias em 18,8% e do diesel em 24,9% a partir de sexta-feira devido ao "aumento global dos preços do petróleo e seus derivados como resultado da guerra entre Rússia e Ucrânia".

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A empresa destacou que a medida está em linha com os aumentos de outros fornecedores de combustíveis e enfatizou que não eleva os preços há quase dois meses, apesar dos aumentos registrados no mercado internacional nas últimas semanas.

Esses aumentos, porém, incomodarão o presidente de extrema-direita, que vem tentando controlar a alta dos preços dos combustíveis e a inflação em geral, altamente prejudiciais à sua popularidade antes de buscar a reeleição em outubro.

Bolsonaro critica rotineiramente a Petrobras por sua política de preços. Na segunda-feira, ele disse que a paridade da empresa com os preços internacionais "não pode continuar".

Após essa declaração, as ações da Petrobras caíram mais de 7% devido a investidores nervosos, uma consequência semelhante ao que aconteceu há um ano.

Em seguida, as ações perderam mais de 20% depois que Bolsonaro mudou o presidente-executivo da Petrobras e disse que a empresa não deveria estar constantemente "surpreendendo as pessoas" com aumentos de preços.

Bolsonaro está pressionando para que o Congresso aprove uma legislação para reduzir os preços dos combustíveis, embora especialistas digam que o impacto a curto prazo seria praticamente nulo.

Segundo a imprensa brasileira, ele também considera decretar subsídios emergenciais para baixar os preços, na tentativa de recuperar sua popularidade.

Ambas as medidas são consideradas prejudiciais à economia por alguns especialistas, dada a delicada situação fiscal do país.

A alta inflação no Brasil, que acumulou 10,38% nos 12 meses até janeiro, é um ponto fraco para Bolsonaro, que espera uma dura batalha pela reeleição em outubro, provavelmente contra o ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, grande favorito nas pesquisas.

O mercado internacional de petróleo tem visto uma grande oscilação desde que a Rússia invadiu a Ucrânia há duas semanas.

O petróleo Brent atingiu US$ 139 o barril na segunda-feira, a maior alta em 14 anos, antes de cair para cerca de US$ 116 na quinta-feira.

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Brasil inflação governo energia gasolina economia

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