Blinken diz que novas exigências russas sobre acordo nuclear com Irã são 'irrelevantes'

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, descartou neste domingo (6) como "irrelevantes" as exigências russas de garantias de que novas sanções ligadas à Ucrânia não afetariam os direitos de Moscou, em meio à reformulação do acordo nuclear com o Irã.

As sanções à Rússia pela invasão da Ucrânia "não têm nada a ver com o acordo nuclear com o Irã", disse Blinken ao programa da CBS "Face the Nation". As sanções "simplesmente não estão ligadas de forma alguma, então acho que isso é irrelevante", completou.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

Com partes do acordo com o Irã - que os Estados Unidos abandonaram em 2018 - agora aparentemente perto de um novo acordo, Blinken rejeitou novas demandas russas cogitadas pelo ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, no sábado.

Blinken considerou que não era apenas do interesse dos Estados Unidos, mas também da Rússia, que o Irã não fosse capaz de "ter uma arma nuclear ou a capacidade de produzir uma em muito, muito pouco tempo".

As últimas exigências russas ocorrem em meio à crise decorrente da invasão da Ucrânia, ameaçando as esperanças de que um acordo com o Irã seja alcançado rapidamente.

O Irã e o órgão de vigilância nuclear das Nações Unidas anunciaram no sábado que concordaram com uma reaproximação para resolver questões cruciais para reviver o acordo de 2015 com as potências mundiais.

Rafael Grossi, chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), declarou em Viena que, embora a agência das Nações Unidas e o Irã ainda tenham "um número importante de questões" para resolver, "decidiram tentar uma abordagem pragmática" para superar as dificuldades.

No entanto, acrescentou Rossi, não há "prazo artificial".

Autoridades dos EUA e do Reino Unido sinalizaram no final da semana que as negociações em Viena estavam perto de um possível acordo, alertando que algumas questões ainda precisam ser resolvidas.

Mas Lavrov, o chanceler da Rússia, enfatizou no sábado que Moscou foi alvo de severas sanções por sua invasão da Ucrânia e precisava de garantias escritas antes de apoiar um novo acordo nuclear.

Nesse sentido, Lavrov solicitou que as sanções relacionadas à Ucrânia "não afetem de forma alguma nossos direitos para o desenvolvimento livre e completo do comércio, investimento e cooperação econômica, técnica e militar com o Irã".

A Rússia faz parte das negociações em Viena, juntamente com o Reino Unido, China, França e Alemanha. Os Estados Unidos participam indiretamente.

Espera-se que Moscou desempenhe um papel importante na implementação de um novo acordo com o Irã, por exemplo, recebendo carregamentos de urânio enriquecido iraniano.

O acordo buscava impedir que Teerã desenvolvesse uma arma nuclear, algo que o país sempre negou ter como objetivo.

O Irã disse nesta semana que está pronto para aumentar rapidamente suas exportações de petróleo para os níveis pré-sanção assim que o acordo for assinado.

Fayaz Zahed, analista de relações internacionais iranianas, disse que o governo precisa ter muito cuidado com a possível mudança de interesses de Moscou.

"Agora que a Rússia está sob sanções, talvez não esteja mais interessada em resolver a questão nuclear iraniana, uma posição que pode ser muito prejudicial", disse o especialista.

Os próximos dias são fundamentais devido à velocidade com que o Irã está avançando em questões nucleares.

Seu estoque de urânio enriquecido é agora cerca de 15 vezes o limite estabelecido no acordo de 2015, segundo dados divulgados pela AIEA esta semana.

bbk/mlm/cjc/llu/am

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

EEUU conflito Rusia ciencia diplomacia energia acuerdo paz sanciones Ucrania Sergey Lavrov Antony Blinken

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar