Suíços decidem barrar quase completamente publicidade de cigarro

Em consulta popular, 54% dos helvéticos votou pela proibição deste tipo de propaganda. Foi ainda rejeitada proibição para testes de laboratório com animais e humanos

Os suíços votaram, neste domingo, 13, a favor da proibição quase total da publicidade de cigarro — conforme os primeiros resultados de consulta pública que mostra que 54% dos eleitores aprovaram esta iniciativa.

A Chancelaria Federal dá o "Sim" como vencedor, com 54%, assim como na maioria dos cantões. É necessária a maioria em ambos os níveis para se poder aprovar a iniciativa popular. Os resultados finais são esperados ao anoitecer.

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"Estamos extremamente felizes", disse à AFP Stefanie De Borba, da Liga Suíça contra o Câncer, com a publicação dos primeiros resultados. "As pessoas entenderam que a saúde é mais importante do que os interesses econômicos", completou.

Até então, a Suíça contava com legislação muito permissiva em relação à publicidade do cigarro, sobretudo, graças ao forte lobby das maiores empresas mundiais do setor. Uma em cada quatro pessoas (25%) é fumante no país.

Em nível nacional, apenas anúncios de rádio e televisão e mensagens dirigidas especificamente para menores são proibidos. E, embora alguns cantões já tivessem endurecido suas normas e uma nova lei a esse respeito vá entrar em vigor em 2023, os grupos antitabaco pediam medidas mais decisivas para proteger crianças e jovens. Daí o lançamento desta iniciativa popular.

Assim, prevê-se a proibição total da publicidade de cigarro em lugares de acesso de crianças e adolescentes, ou seja, na imprensa, em cartazes, na internet, no cinema e durante as manifestações. Essas mesmas regras se aplicam ao cigarro eletrônico.

"Isso significa que praticamente toda publicidade foi proibida, inclusive para adultos. Em nome da proteção da infância, os adultos são infantilizados", reclamou Patrick Eperon, porta-voz da campanha pelo "Não" e membro da organização Centro Patronal.

Este é o mesmo argumento da Philip Morris International (PMI), gigante global do setor, que, assim como a British American Tobacco e a Japan Tobacco, tem sede na Suíça. Para a PMI, trata-se de uma medida "extrema".

O país paga um preço alto pelo tabagismo, com 9.500 mortes anuais vinculadas sobre uma população de 8,6 milhões de habitantes. A isso, somam-se cerca de 400.000 pessoas com doenças crônicas ligadas ao tabagismo, segundo o dr. Jean-Paul Humair, porta-voz do "Sim".

Outra decisões da consulta popular 

Também de acordo com os primeiros resultados, com quase 80% dos votos, os suíços se recusaram a proibir testes de laboratório com animais e humanos. A população já rejeitou três vezes uma iniciativa sobre o tema: em 1985 (70%), 1992 (56%) e 1993 (72%).

Além disso, os eleitores registrados no cantão da cidade da Basileia, muito conhecido por seu zoológico, assim como por seus grupos farmacêuticos, teriam rejeitado, com 75%, uma proposta destinada a garantir direitos fundamentais aos primatas não humanos.

Nenhum partido apoiou a proposta, porque, segundo o governo, se aprovada, teria graves consequências econômicas e sanitárias na confederação, cujo setor químico-farmacêutico representa mais da metade de suas exportações.

As autoridades alegam, porém, que a legislação suíça está entre as mais rigorosas do mundo quando se trata de testes em animais.

Em nível federal, de acordo com os primeiros resultados, a população suíça rejeitaria, por mais de 56%, uma lei que prevê um apoio adicional aos veículos de comunicação, devido à queda de sua receita com publicidade.

 

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