Alemanha endurece o tom frente à Rússia sobre crise na Ucrânia

A Rússia tem a "responsabilidade" pelo risco de uma guerra na Ucrânia - declarou o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, neste domingo (13), em um momento de crescente temor, por parte de europeus e americanos, de uma invasão russa ao país vizinho.

"Há um perigo de um conflito militar, uma guerra no leste da Europa, e a Rússia tem responsabilidade por isso", disse Steinmeier, após ser reeleito para mais cinco anos no cargo.

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Social-democrata próximo ao chanceler Olaf Scholz, o presidente alemão tentou dissipar as dúvidas sobre a posição de seu país. Nas últimas semanas, a Alemanha foi criticada pela Ucrânia e por vários de seus parceiros ocidentais por ser muito complacente com Moscou.

Diante dos parlamentares nacionais e regionais, este ex-ministro alemão das Relações Exteriores mencionou um "afastamento" crescente da Rússia em relação à Europa e pediu firmeza frente a Moscou.

"Como vemos, a paz não pode ser dada como certa. Sempre se tem que agir para preservá-la, no diálogo. Mas, quando for necessário, é preciso dizer as coisas claramente, mostrando dissuasão e determinação", frisou.

Frank Walter Steinmeier obteve sua reeleição com uma esmagadora maioria dada por um eleitorado especial, composto, sobretudo, de deputados nacionais e regionais. Ele conseguiu 1.045 votos dos 1.045 depositados, apoiado por todos os grandes partidos de centro esquerda e centro direita.

O apoio dos Verdes foi anunciado na terça-feira passada (4), e ele já contava com a aprovação de seu partido, o SPD, e dos liberais do FDP. Junto com os Verdes, eles formam a atual maioria que sucedeu aos conservadores de Angela Merkel no poder.

Eleito pela primeira vez em 2017, o presidente alemão pode cumprir no máximo dois mandatos de cinco anos.

O cargo de presidente na Alemanha é, sobretudo, honorário, com o poder se concentrando nas mãos do chefe do governo e do Parlamento. Ainda assim, tem valor de autoridade moral do país.

Na mesma linha do chefe de Estado, o chanceler Olaf Scholz também se mostrou firme neste domingo, véspera de sua viagem a Kiev. Na terça-feira, ele seguirá para Moscou.

"No caso de uma agressão militar contra a Ucrânia, que poria sua soberania e sua integridade territorial em risco, isso levaria a sanções duras, que preparamos cuidadosamente e que poderemos aplicar imediatamente com nossos aliados na Europa e na OTAN", declarou Scholz, após a reeleição de Steinmeier.

Em um sinal da crescente preocupação de Berlim com a situação na Ucrânia, uma fonte oficial reconheceu que "a preocupação (do governo) aumentou" quanto a uma eventual invasão.

"Nossa preocupação é grande (...) Pensamos que a situação é crítica, que é muito perigosa", destacou esta fonte que conversou com a imprensa sob a condição do anonimato, em alusão às advertências lançadas pelos Estados Unidos sobre uma invasão russa iminente.

"Muitos elementos apontam, de forma muito preocupante, na direção" dos temores atuais, frisou.

Segundo a mesma fonte, o governo alemão pretende aumentar sua ajuda econômica para a Ucrânia, mas que mantém sua recusa a entregar armas letais a Kiev.

Berlim examina "se ainda temos possibilidades, no plano bilateral, de contribuir no que se refere ao apoio econômico", relatou esta fonte.

Na questão do fornecimento de armas "letais", ucranianos e alemães continuam em lados opostos. Com base em sua política praticada após o período nazista, que consiste em não exportar esse tipo de armamento para zonas de conflito, a Alemanha se opõe ao pedido de Kiev.

A Ucrânia enviou uma lista de pedidos à Alemanha, mas, conforme a fonte de Berlim, para esta segunda-feira, "ainda não há nada a esperar" neste tema. De qualquer modo, não se exclui que equipamentos considerados não letais possam ser enviados.

Em entrevista concedida hoje à rádio pública alemã, o embaixador ucraniano em Berlim, Andrij Melnik, reivindicou o anúncio de um plano de ajuda "no valor de vários milhões" de euros, no âmbito da visita de Scholz a Kiev.

"Já é hora de a Alemanha tirar seus óculos russos (...) em sua política em relação à Ucrânia, porque eles turvam sua visão", convocou o embaixador Melnyk na mesma entrevista.

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