Tiroteios ocorreram no entorno de 74% das escolas municipais do Rio em 2019, diz estudo

Três em cada quatro escolas municipais do Rio de Janeiro foram afetadas por pelo menos um tiroteio em seu entorno com participação da polícia, afirma um estudo sobre o impacto da guerra às drogas na educação pública divulgado nesta segunda-feira (7).

O relatório "Tiros no Futuro", elaborado pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), se baseia em dados recolhidos pela plataforma digital Fogo Cruzado, que contabilizou em 2019 um total de 4.346 episódios de violência com armas de fogo na capital fluminense, muitos deles como consequência de intervenções policiais.

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"A partir dos dados fornecidos pela plataforma, foi possível identificar 1.154 escolas da rede de ensino fundamental público do município do Rio que foram afetadas por pelo menos um tiroteio com a presença de agentes de segurança naquele ano", o último com funcionamento normal antes da pandemia, diz o documento.

Dessa cifra, que corresponde a 74% do total de escolas da rede municipal, 57% foram afetadas por até 10 episódios em 2019 e 11% tiveram mais de 30 casos.

O Rio de Janeiro é cenário frequente de enfrentamentos entre grupos de narcotraficantes rivais e com as forças de segurança, especialmente nas comunidades mais pobres, que deixam um grande número de vítimas, aterrorizam a população e têm grande impacto na rotina das escolas, onde são comuns as cenas de pânico, com alunos e professores deitados no chão dos corredores por medo de balas perdidas.

Além disso, são frequentes os episódios de violência que provocam a suspensão das aulas ou o fechamento temporário das escolas, o que tem grande impacto no rendimento escolar dos alunos.

Segundo o documento, 295 escolas do Rio tiveram que fechar por pelo menos um dia em 2019 devido à violência nas operações policiais.

"Presença de blindados nas proximidades da unidade, tiroteio intenso e ouvimos, também, muitas bombas. Sem condições para funcionamento", lamentou após um tiroteio ocorrido em 19 de março o diretor de uma escola da Zona Norte do Rio, em depoimento incluído no relatório.

jm/app/yow/rpr

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