Reunião na ONU é arena importante para Rússia e EUA influenciarem opinião mundial

Os países que compõem o Conselho de Segurança (CS) da ONU se reúnem nesta segunda-feira, 31, para discutir a escalada de tensões na Ucrânia, em um encontro com expectativas de embate entre Estados Unidos e Rússia. Os americanos prometem fazer os russos justificarem sua concentração de tropas nas fronteiras ucraniana, enquanto diplomatas do Kremlin descartam a reunião como uma farsa teatral.

A reunião do conselho de 15 nações, solicitada pelos Estados Unidos na semana passada, representa a arena mais importante para as duas potências influenciarem a opinião mundial sobre a Ucrânia. As tensões em torno da ex-república soviética levaram as relações EUA-Rússia ao seu ponto mais delicado desde a Guerra Fria.

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"Nossas vozes estão unidas pedindo aos russos que se expliquem", disse a embaixadora americana nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, à rede americana ABC neste domingo, 30. "Vamos para a sala preparados para ouvi-los, mas não vamos nos distrair com a propaganda deles, e estaremos preparados para responder a qualquer desinformação que eles tentam espalhar durante esta reunião."

Como um dos cinco membros permanentes do conselho - junto com Grã-Bretanha, China, França e Estados Unidos - a Rússia tem o poder de vetar qualquer decisão da maioria. Mas não pode bloquear a reunião em si, embora tenha tentado por meio de votação.

Devido ao poder de veto russo, e seus laços com outros membros da cúpula, como a China, é improvável que o Conselho de Segurança consiga qualquer ação formal.

Diplomatas russos ridicularizaram a reunião como parte de um contratempo fabricado sobre o que eles chamam de "temores ocidentais injustificados", instigados pelos Estados Unidos, de que o presidente Vladimir Putin esteja se preparando para invadir a Ucrânia. Os russos também aproveitaram as reclamações do presidente da Ucrânia de que os americanos estão semeando pânico desnecessariamente.

Dmitry Polyanskii, vice-representante permanente da Rússia nas Nações Unidas, pareceu zombar dos comentários de Thomas-Greenfield em um post no Twitter, dizendo que ela via o Conselho de Segurança como "um clube de pessoas preocupadas com os EUA dizendo a eles com o que se preocupar. "

Putin, que não fala publicamente sobre a Ucrânia desde dezembro, manteve seu silêncio. Seu porta-voz, Dmitri Peskov, disse a repórteres na segunda-feira que Putin expressaria suas opiniões sobre a situação "assim que determinar que é necessário".

"Não posso dar uma data exata", disse Peskov. Autoridades russas continuaram afirmando que não eram culpados pelas crescentes tensões, insistindo que os Estados Unidos estavam fabricando a ameaça de uma invasão russa da Ucrânia.

Apoio da China a Moscou

Horas antes da reunião, não estava certo que o conselho iria se reunir, pois a Rússia havia pedido uma votação para bloquear a reunião - nesse caso eram necessários nove votos das 15 nações.

Nesse sentido, o embaixador da China na ONU, Zhang Jun, indicou que Pequim apoiava Moscou em se opor a uma reunião do conselho e acredita que os russos não têm a intenção de provocar uma guerra.

"Ambos os lados mostraram disposição de continuar suas negociações", disse ele a vários repórteres na sexta-feira. "Deixe-os resolver as diferenças por meio do diálogo, por meio de negociações. A Rússia disse claramente que não tem intenção de fazer uma guerra" e o Conselho de Segurança deve "ajudar a diminuir a situação em vez de jogar lenha na fogueira", disse Zhang.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, deve falar com o presidente Putin ainda nesta segunda-feira e visitará a Ucrânia na terça-feira, dia 1º.

Falando a repórteres antes de sua ligação com Putin, Johnson disse: "o que vou dizer ao presidente Putin, como já disse antes, é que acho que todos nós realmente precisamos dar um passo atrás. Eu acho que uma invasão da Ucrânia, qualquer incursão na Ucrânia além do território que a Rússia já tomou em 2014 seria um desastre absoluto para o mundo e, acima de tudo, seria um desastre para a Rússia."

Posição da Ucrânia

Mesmo com o cerco de tropas russas em sua fronteira, a Ucrânia concorda com Moscou ao dizer que os países ocidentais estão semeando o pânico. "Para nosso pesar, a mídia norte-americana tem publicado uma grande quantidade de informações não verificadas, distorcidas e deliberadamente falsas e provocativas sobre o que está acontecendo na Ucrânia e ao seu redor nos últimos meses", disse Peskov.

Falar de uma guerra iminente era errado e perigoso, disse o presidente ucraniano Volodmir Zelenski. Isso poderia resultar em instabilidade econômica e social que poderia fazer com que o Estado lutasse para sobreviver. "Não precisamos de pânico", afirmou ele.

Fronteira

A Rússia enviou mais de 100.000 soldados para a fronteira ucraniana nas últimas semanas, parte de uma postura cada vez mais agressiva de Putin para proteger e ampliar o que ele vê como a legítima esfera de influência da Rússia na Europa Oriental. O Pentágono disse na sexta-feira que a Rússia reuniu forças suficientes para encenar uma invasão em larga escala da Ucrânia no momento de quiser.

O Kremlin acusou a aliança da Otan de ameaçar a Rússia e exigiu que nunca admitisse a Ucrânia como membro. A possibilidade de uma solução diplomática permaneceu incerta, na melhor das hipóteses.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, terá um telefonema com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, na terça-feira, mas não há planos no momento de marcar uma reunião pessoalmente.

O governo Biden disse que deseja um resultado pacífico para a crise, mas está se preparando para a possibilidade do que comandantes militares americanos disseram ser um conflito armado devastador na Ucrânia. O governo dos EUA prometeu responder com sanções econômicas paralisantes à Rússia se ela invadir a Ucrânia. (Com agências internacionais).

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