EUA e Rússia trocam farpas na ONU pela crise da Ucrânia

Rússia e Estados Unidos se enfrentaram nesta segunda-feira (31) no Conselho de Segurança das Nações Unidas devido à concentração de tropas russas na fronteira com a Ucrânia, enquanto o Ocidente intensifica as ameaças de sanções para evitar um conflito na Europa.

Diante da escalada das tensões, os Estados Unidos estão dispostos a desmentir qualquer "desinformação" de Moscou em uma das sessões das Nações Unidas que gerou mais expectativas em anos.

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A reunião, convocada pelos Estados Unidos, ocorre diante do crescente medo de uma invasão iminente da Rússia na Ucrânia, apesar do Kremlin negar energicamente.

Em um comunicado publicado após o início da reunião, o presidente americano Joe Biden alertou a Rússia de que um abandono da via diplomática terá "consequências severas".

"Se a Rússia for sincera na abordagem das nossas respectivas preocupações de segurança por meio do diálogo, os Estados Unidos e nossos aliados e sócios continuarão participando de boa fé", disse Biden em um comunicado.

"Se, em vez disso, a Rússia escolher se distanciar da diplomacia e atacar a Ucrânia, a Rússia assumirá a responsabilidade e enfrentará consequências rápidas e severas", acrescentou.

A Rússia tentou impedir que os 15 membros do Conselho dessem sinal verde a essa reunião, com acusações do embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzya, de que os Estados Unidos tentam "gerar histeria".

Mas a embaixadora de Washington na ONU, Linda Thomas-Greenfield, afirmou que a concentração de tropas de Moscou justifica a sessão e a tentativa da Rússia de bloqueá-la foi rejeitada por 10 dos 15 membros.

"Esta é a maior (...) mobilização de tropas na Europa em décadas", disse a embaixadora. "E enquanto falamos, a Rússia segue enviando mais efetivos e armas" para reforçá-las.

Ela afirmou ao Conselho que a concentração militar da Rússia soma-se à "retórica agressiva" que o país usa desde que invadiu a Crimeia em 2014.

Acusou a Rússia de estar planejando enviar 30.000 efetivos a Belarus nas próximas semanas como parte de suas ameaças à Ucrânia.

Paralelamente à reunião na ONU, o secretário de Estado americano Antony Blinken terá uma nova reunião por telefone na terça-feira com seu homólogo russo Sergei Lavrov, a mais recente de uma série de contatos diplomáticos entre Moscou, Washington e Bruxelas sobre a Ucrânia, diante da preocupação crescente dos europeus sobre a segurança.

Os Estados Unidos e seus aliados unem esforços para evitar uma possível invasão da Ucrânia. No domingo, Washington e Londres alertaram que, em caso invasão, a Rússia seria punida com novas e "devastadoras" sanções econômicas.

O presidente da Comissão das Relações Exteriores do Senado americano advertiu que é imprescindível que Washington envie uma mensagem contundente ao presidente Vladimir Putin de que ele pagaria um preço muito alto por uma eventual agressão.

"Putin não vai parar com a Ucrânia", disse o senador Bob Menéndez à CNN.

Em Londres, a ministra das Relações Exteriores Liz Truss disse que o Reino Unido prepara sanções que "vão muito além" das sanções econômicas contra a Rússia.

Em resposta, Moscou acusou nesta segunda-feira as autoridades britânicas de preparar um "ataque aberto contra as empresas" russas. "Os anglo-saxões estão intensificando tremendamente as tensões no continente europeu".

Analistas alertam que eventuais sanções que afetem os bancos russos e as instituições financeiras não só repercutiriam na vida cotidiana dos russos, mas também teriam consequências nas grandes economias e não apenas nas europeias.

Enquanto tentam evitar o pior, os líderes ocidentais aumentaram a ajuda militar à Ucrânia.

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson, que planeja falar com Putin esta semana, anunciou que Londres prepara oferecer à Otan uma "grande" mobilização de tropas, armas, navios de guerra e aviões.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, agradeceu no domingo o crescente apoio militar e apoiou a iniciativa diplomática britânica.

A deterioração das relações entre Moscou e o Ocidente, em seu pior momento desde a Guerra Fria, contribuiu para o medo na Europa de que possa perder o acesso ao fornecimento de gás russo em caso de invasão na Ucrânia, fazendo com que preparem planos alternativos.

As atenções estão voltadas para um encontro nesta segunda-feira entre o presidente Joe Biden e o xeique Tamim bin Hamad Al-Thani, que é emir do Catar, aliado dos Estados Unidos e um dos três maiores exportadores de petróleo do mundo.

A Rússia nega repetidamente a intenção de invadir a Ucrânia. No domingo, disse que quer uma relação "respeitosa" com os Estados Unidos.

Ao referir-se à presença de tropas da Otan perto de sua fronteira, Moscou voltou a exigir de Washington e da aliança militar liderada pelos Estados Unidos garantias sobre segurança.

Isso inclui uma garantia de que a Otan não admitirá novos membros, especialmente a Ucrânia, e que os Estados Unidos não estabelecerão novas bases militares nos países da órbita da antiga União Soviética.

A Ucrânia se voltou crescentemente para o Ocidente desde a invasão da península da Crimeia em 2014 por Moscou. O conflito separatista no leste da ex-república soviética deixou mais de 13.000 mortos.

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