COP 26: rascunho do documento final propõe antecipar corte de emissões de poluentes

Esboço sugere duas alterações no Acordo de Paris: mudar para 2022 o prazo para se atingir as metas de corte de emissões de gases e revisar anualmente os compromissos de cada país

A presidência da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de Glasgow (COP26) divulgou nessa quarta-feira, 10, o rascunho do texto final do encontro. O esboço traz duas novidades em relação ao Acordo de Paris, redigido há seis anos, que prometem polêmica nas negociações.  O documento final deve ser divulgado no fechamento da conferência, nesta sexta-feira.

O rascunho sugere que o prazo para se atingir as metas de corte de emissões de gases de efeito estufa seja 2022, em vez de 2025. Além disso, abraça a proposta dos países mais vulneráveis aos efeitos do aquecimento global: a revisão anual, e não mais a cada cinco anos, dos compromissos que cada nação assumiu (as chamadas contribuições nacionalmente determinadas - NDCs). 

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Pela primeira vez, o texto incluiu a menção de "perdas e danos" e um apelo pelo fim dos subsídios aos combustíveis fósseis. "Os olhos do mundo estão muito voltados para nós. Portanto, peço que vocês estejam à altura do desafio”, disse o presidente da COP26, Alok Sharma, aos negociadores durante uma plenária informal.

No final do dia, Sharma disse aos jornalistas que o texto, redigido por seu escritório, mudará e evoluirá à medida que os países começarem a se envolver nos detalhes, mas o compromisso de acelerar a ação nesta década deve ser “inabalável”.

“Quero ser claro: não pretendemos reabrir o Acordo de Paris. O Acordo de Paris estabelece claramente a meta de temperatura bem abaixo de 2 graus e busca esforços para 1.5 grau”, disse, fazendo menção ao máximo proposto para o aquecimento global. Sharma disse ainda que a Presidência tem como objetivo traçar um caminho através dos três pilares principais de Paris: finanças, adaptação e mitigação.

 

Sociedade civil

 

Membros da ONG Climate Action Network disseram que receberam bem a primeira menção de “perdas e danos”, reconhecendo que as comunidades que lidam com os desafios de reconstrução e recuperação após desastres climáticos precisam do apoio do mundo, mas disseram que as palavras do texto eram apenas “bonitinhas”.

“No final das contas, eles não farão diferença para as comunidades. Este texto ainda não fará nada por aqueles que foram mais atingidos por enchentes fatais, ciclones, secas, aumento do nível do mar”, disse a coordenadora de Política Climática da Actionaid Internacional, Teresa Anderson. Ela adicionou que o texto é uma “retórica vazia” e que chamar a situação de “urgente” não significa nada sem um compromisso real com a ação.

Para a diretora executiva do Greenpeace Internacional, Jennifer Morgan, o rascunho "não é um plano para resolver a crise climática, é um acordo de que todos cruzaremos os dedos e esperaremos o melhor". "É um pedido educado de que os países talvez, possivelmente, façam mais no próximo ano. Isso não é bom o suficiente", afirmou no Twitter. 

Também nessa quarta-feira, Greta Thunberg e outros jovens ativistas anunciaram no Twitter que enviaram uma carta às Nações Unidas apresentando uma petição legal ao secretário-geral António Guterres, pedindo que ele declare emergência climática, o que permitiria o envio de recursos e pessoal para os países mais suscetíveis aos desastres da mudança climática.

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