Primeiras detecções de buraco negro 'engolindo' uma estrela de nêutrons

Os astrofísicos já haviam observado fusões de buracos negros entre si, ou de estrelas de nêutrons, mas nunca de "casais mistos"

Observadores dos eventos que abalam o cosmos detectaram pela primeira vez, e em duas ocasiões, a fusão de um buraco negro "engolindo" uma estrela de nêutrons, de acordo com um estudo internacional publicado nesta terça-feira (29).

 

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Os astrofísicos já haviam observado fusões de buracos negros entre si, ou de estrelas de nêutrons, mas nunca de "casais mistos", como indica um comunicado do Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS).

 

"Este é o elo perdido que ajudará a entender essas coalescências (fusões), com teorias abrangendo todos esses fenômenos", disse à AFP a astrofísica Astrid Lamberts, principal autora do estudo, que foi publicado no Astrophysical Journal Letters.

 

Os dois eventos foram detectados com dez dias de intervalo, em janeiro de 2020, pelos detectores de ondas gravitacionais Virgo e Ligo.

 

As ondas gravitacionais são pequenas variações no espaço-tempo, causadas por fenômenos de grande magnitude, como a fusão de dois buracos negros.

 

Ao analisar a forma da onda, como a causada por uma pedra atirada na superfície de um lago, é possível determinar a distância e as massas presentes.

 

Nestes dois casos, essas fusões, muito distintas, ocorreram a cerca de 900 milhões e um bilhão de anos-luz da Terra.

 

Os buracos negros envolvidos tinham, respectivamente, uma massa de 8,9 e 5,7 vezes o nosso Sol. Frente a eles, estrelas de nêutrons com massa de 1,9 e 1,5 vezes o nosso Sol, que não tinham chance de escapar de sua atração fatal.

 

"Se a diferença de massa for muito grande, o buraco negro engole de repente", explica Astrid Lamberts, pesquisadora do CNRS no Observatório Côte d'Azur (OCA) e especialista em "estrelas massivas, que são as progenitoras das estrelas de nêutrons e dos buracos negros estelares".

 

Buracos negros estelares e estrelas de nêutrons estão entre os objetos mais exóticos do mundo cósmico.

 

Ambos resultam do colapso, no final de sua vida, de uma estrela massiva sobre si mesma. A massa do buraco negro é tão concentrada que a força da gravidade impede que qualquer coisa lhe escape, até mesmo a luz. Já a estrela de nêutrons, embora extraordinariamente compacta, permanece visível.

 

As observações das duas fusões buraco negro-estrela de nêutrons completam um quadro de quase 50 fusões binárias de buracos negros e um punhado de fusões binárias de estrelas de nêutrons até o momento.

 

 

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