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Sinal de vida em Vênus: cientistas estudam forte bioassinatura encontrada na atmosfera do planeta

O grupo de cientistas é liderado pela pesquisadora Jane Greaves, da Cardiff University do País de Gales. A detecção da fosfina foi realizada a partir dos telescópios James Clerk Maxwell Telescope, localizado no Havaí, e o Atacama Large Millimeter Array, no Chile
18:34 | Set. 14, 2020
Autor Redação O POVO
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Tipo Notícia

Em estudo publicado nesta segunda-feira, 14, na revista Nature Astronomy, cientistas de diversos países anunciaram uma forte bioassinatura encontrada na atmosfera de Vênus, o que indica uma atividade biológica. A fosfina, gás de cheiro forte que, na quantidade achada, só poderia ter sido produzida artificialmente, por meio de laboratório, ou pela atividade metabólica de algumas bactérias em ambiente sem oxigênio, como no caso do planeta.

O grupo de cientistas é liderado pela pesquisadora Jane Greaves,da Cardiff University do País de Gales. A detecção da fosfina foi realizada a partir dos telescópios James Clerk Maxwell Telescope, localizado no Havaí, e o Atacama Large Millimeter Array, no Chile. O assunto está sendo bastante comentado no twitter por pesquisadores, que destacaram a diferença entre a descoberta de vida e sinal de vida no planeta:


A Royal Astronomic Society também publicou sobre a descoberta, confira a tradução feita pelo divulgador científico Eduardo Sato:


De acordo com a nota oficial da Universidade Cardiff, os telescópios usados facilitaram a observação de Vênus na medida de 1 milímetro de comprimento de onda, medida que não pode ser observada a olho nu, e necessita de telescópios em uma grande altitude para ser observada. Ainda de acordo com a nota, Jane afirmou que o experimento foi feito a partir de uma pura curiosidade, com as vantagens das potências dos telescópios utilizados.

Douglas Galante, astrobiólogo, pesquisado do CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), afirma que o trabalho de longa duração culminou na descoberta desse gás nas nuvens de Vênus, o que foi bastante inesperada, pois o planeta tem uma atmosfera oxidante, o que causa a destruição rápida das moléculas de fosfina. Então, devem ter bactérias que produzam as moléculas. “A fonte que produz esse gás vem de microorganismos decompositores da matéria orgânica”, afirmou. Douglas disse que ainda não podemos afirmar que foi descoberta a vida em Vênus, pois novos estudos devem ser feitos para confirmar se a origem  das moléculas é biológica ou a partir de alguma atividade geológica do planeta. Ele afirma que precisam ser feitos estudos de observação, a partir de telescópios, e a partir de satélites que sejam enviados para Vênus. “Agora, abre-se todo um ramo de estudos para entender a origem dessa fosfina”.

O pesquisador afirma que o assunto já atrai muita atenção para novas pesquisas, que sejam realizadas em Vênus. Ele explica a possibilidade de outros estudos futuros que confirmem a presença dessa molécula, suas quantidades, variações, e a detecção de outras moléculas. “Terá muitos trabalhos feitos nessa área da astroquímica, e também estimulará missões espaciais para coletas em Vênus, abrindo muito espaço para pesquisa no local”.

Em relação a Marte, e se a nova descoberta causará algum impacto nas pesquisas realizadas nesse planeta, ele acredita que não causará muitas mudanças. “Acho que há espaço para (pesquisas em) ambos. Inclusive as luas de Júpiter e Saturno também são alvos para pesquisa de vida no Sistema Solar, então quanto mais lugares forem propícios para a vida, melhor.”

Ele conta que as pesquisas ainda são muito “embrionárias”, porém, a SAB observará como as pesquisas se desdobrarão nos próximos meses. “De qualquer forma, é uma notícia muito empolgante, por reavivar um planeta que era tido como morto até agora.”

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