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'Horror indescritível': os ataques nucleares a Hiroshima e Nagasaki

11:01 | Ago. 09, 2020
Autor AFP
Tipo Notícia

Imagem registrada pela Força Aérea Americana em 9 de agosto de 1945. Bomba atômica em Nagasaki
Imagem registrada pela Força Aérea Americana em 9 de agosto de 1945. Bomba atômica em Nagasaki (Foto: US AIR FORCE / AFP)

A cidade de Nagasaki recordou, neste domingo (9), o 75º aniversário do lançamento da bomba atômica americana sobre esta cidade japonesa, três dias após Hiroshima. Os bombardeios atômicos levaram à morte de 200 mil pessoas e deixaram muitas outras profundamente traumatizadas e até estigmatizadas. Confira alguns fatos sobre esses eventos devastadores.

A primeira bomba atômica foi lançada sobre a cidade de Hiroshima, no oeste do Japão, em 6 de agosto de 1945, por um bombardeiro norte-americano chamado Enola Gay. Ela recebeu o nome de "Little Boy" (garotinho), mas seu impacto foi enorme.

Com uma potência equivalente a 15 megatons de TNT, a bomba foi detonada a 600 metros do solo e matou 140 mil pessoas. Dezenas de milhares morreram instantaneamente, enquanto as outras sucumbiram a ferimentos ou doenças ao longo das semanas, meses e anos seguintes.

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Apenas três dias depois, os Estados Unidos lançaram uma segunda bomba, apelidada de "Fat Man", sobre Nagasaki. Mais 74 mil pessoas foram mortas.

Os ataques são até hoje a única vez que bombas atômicas foram utilizadas em tempos de guerra.

 

 

Quando a bomba caiu em Hiroshima, a primeira coisa que as pessoas notaram foi uma "intensa bola de fogo", segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha. A temperatura no epicentro da explosão atingiu 7 mil °C, pelas estimativas feitas, o que causou queimaduras fatais nas pessoas que estavam em um raio de cerca de 3 km.

Especialistas da Cruz Vermelha afirmam que houve casos de cegueira temporária ou permanente, devido ao forte flash de luz, além de danos posteriores à visão das vítimas, como catarata.

O turbilhão de calor gerado pela explosão também iniciou milhares de incêndios, que queimaram vários quilômetros quadrados da cidade, repleta de construções de madeira. Uma tempestade de fogo que consumiu todo o oxigênio disponível causou ainda mais mortes por asfixia.

Estima-se que queimaduras e danos relacionados ao fogo representam mais da metade das mortes imediatas em Hiroshima.

Além disso, a explosão criou uma onda de choque gigante que, em alguns casos, literalmente carregou as pessoas. Outras foram soterradas sob prédios desabados, ou feridas ou mortas por detritos voadores.

"Lembro-me dos corpos carbonizados de crianças pequenas espalhados pela área do hipocentro, como pedras negras", contou Koichi Wada, que tinha 18 anos na época do ataque a Nagasaki.

 

Os ataques a bomba soltaram uma radiação que se mostrou mortal tanto logo após o bombardeio quanto a longo prazo. Doenças e sintomas associados à radiação foram relatados por muitos que sobreviveram ao impacto inicial.

Os sintomas da síndrome aguda de radiação incluem vômitos, dores de cabeça, náuseas, diarreia, hemorragia e perda de cabelo. Para grande parte dos afetados, a doença é fatal dentro de algumas semanas ou meses.

Conhecidos como "hibakusha" no Japão, os sobreviventes dos ataques também sofreram com efeitos no longo prazo, incluindo riscos elevados de câncer de tireoide e leucemia. Ambas as cidades atacadas registraram taxas mais altas de incidência de câncer após o ocorrido.

Segundo estudo da Fundação de Pesquisa de Efeitos de Radiação do Japão-EUA, que analisou 50 mil vítimas de Hiroshima e Nagasaki, aproximadamente 100 morreram de leucemia e 850 sofreram de câncer induzido por radiação.

O instituto, porém, não encontrou evidências de um aumento significativo de deficiências congênitas graves nos filhos dos sobreviventes.

 

 

Com o duplo bombardeio atômico, o Japão imperial sofreu seu golpe final e, em 15 de agosto de 1945, se rendeu, pondo fim à Segunda Guerra Mundial. Historiadores debatem se os ataques, no fim das contas, salvaram vidas ao cessarem o conflito e evitarem uma invasão terrestre.

Para os sobreviventes, no entanto, esses cálculos não significam nada. Muitos lutaram por décadas contra traumas físicos e psicológicos, fora o estigma às vezes atrelado a ser um "hibakusha". Frequentemente eles eram marginalizados, em especial para casamentos, graças ao preconceito com a exposição à radiação.

Sobreviventes e seus apoiadores viraram algumas das vozes mais potentes na oposição ao uso de armas nucleares. Já estiveram com líderes mundiais no Japão e em outros países para a defesa de sua causa.

Ano passado, o papa Francisco se encontrou com vários deles em visitas às cidades bombardeadas, prestando homenagens às vítimas de um "horror indescritível".

Em 2016, Barack Obama se tornou o primeiro presidente dos EUA a visitar Hiroshima. Ele não pediu desculpas pelos ataques, mas abraçou os sobreviventes e defendeu um mundo livre de armas nucleares.

 

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