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Líderes da Universal em Angola rompem com direção brasileira e fazem diversas denúncias

Os religiosos angolanos denunciam racismo e abuso de autoridade, e reclamam de privilégios dados aos bispos brasileiros e pedem uma maior valorização do episcopado angolano, de acordo com a BBC News Brasil
12:45 | Jun. 23, 2020
Autor Redação O POVO
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Tipo Notícia

Um grupo de bispos e pastores da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola informou ter assumido na segunda-feira, 22, o controle de 35 templos da instituição em Luanda e cerca de 50 em outras províncias do país, como Lunda-Norte, Huambo, Benguela, Malanje e Cafunfo. Segundo a BBC News Brasil, os membros angolanos da igreja acusam a direção brasileira de evasão de divisas, expatriação ilícita de capital, racismo, discriminação, abuso de autoridade, imposição da prática de vasectomia aos pastores e intromissão na vida conjugal dos religiosos.

Além das acusações, os pastores e bispos da Angola reclamam ainda de privilégios dados aos bispos brasileiros e pedem uma maior valorização do episcopado angolano. A Universal tem 500 mil fiéis em Angola.

A ruptura religiosa dos angolanos com a gestão brasileira é um movimento sem precedentes. Um manifesto elaborado em novembro de 2019, com a assinatura de 320 bispos e pastores, foi encaminhado ao principal líder da igreja no país, o bispo brasileiro Honorilton Gonçalves, ex-vice-presidente da TV Record.

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Os religiosos dizem não terem sido atendidos. No manifesto, já solicitavam aos líderes brasileiros da igreja que deixassem a Angola para que a instituição passasse a ser administrada apenas por angolanos.

Dinis Bundo, identificado como obreiro da Universal e porta-voz do grupo rebelado, reclamou das benesses aos religiosos brasileiros. Segundo ele, as melhores igrejas sempre foram designadas aos brasileiros, que seriam beneficiados também com bons salários e carros modernos.

Denúncias dos religiosos angolanos

Em nota divulgada à imprensa, o corpo de pastores denunciou "atos de arbitrariedades" que estariam sendo praticados pela direção da Universal em Angola.

O bispo Honorilton Gonçalves, segundo a nota, estaria perseguindo, punindo e intimidando bispos e pastores angolanos. Além da vasectomia imposta a pastores, mulheres dos religiosos estariam sendo obrigadas a abortar, conforme a nota.

Entre outras queixas dos religiosos, o documento aponta ainda a "falsificação de ata de eleição de órgãos sociais da IURD", emissão de procurações com plenos poderes a cidadãos brasileiros para exercer atos reservados à assembleia geral, proibição às mulheres de pastores de terem acesso à formação acadêmica-científica e técnico-profissional, irregularidades no pagamento de segurança social dos pastores e falta de projeto de desenvolvimento pastoral em formação teológica específica.

Ruptura

A Universal é liderada pelo bispo brasileiro Edir Macedo e está presente hoje em mais de 95 países, com cerca de 10 mil templos. O grupo angolano diz que a igreja no país passará a ser chamada de Igreja Universal de Angola. Os dissidentes afirmam já ter o comando de 42% dos templos.

A BBC News Brasil procurou nesta segunda-feira, 22, a Universal, que não respondeu aos pedidos de entrevista até a publicação desta reportagem.

Resistência

O obreiro Dinis Bundo, representante do grupo que rompeu com a administração brasileira, informou ainda que, além das 35 igrejas em Luanda, os manifestantes passaram a controlar 18 igrejas em Benguela, 14 em Malanje, 10 em Huambo e 8 em Luanda-Norte.

O controle da Catedral do Morro Bento e do Cenáculo do Patriota, principais centros religiosos da instituição em Luanda, também foi tomado.

Em alguns templos houve resistência. Os religiosos angolanos tomaram as chaves dos estabelecimentos e, em meio a discussões e empurrões, os responsáveis até aquele momento foram expulsos.

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