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Cientistas descobrem partícula que pode mudar os modelos físicos convencionais

Experimento realizado na Antártica com equipamento da Nasa identificou uma partícula mais penetrante que os neutrinos, partículas basilares do universo

O Universo e o que há além do que os humanos podem ver são alguns dos grandes mistérios para a humanidade. Como vários outros cientistas, físicos dedicam suas vidas a pesquisas que indiquem respostas - ou, pelo menos, novas perguntas. É o caso dos estudiosos da Universidade do Havaí que descobriram, em experimento na Antártica, uma nova partícula que pode mudar os modelos convencionais da Física.

Em 2017, o projeto Anita (sigla em inglês para o maquinário Antena Transitória Impulsiva da Antártica) detectou pela terceira vez uma partícula estranha, que parecia fluir no sentido contrário das outras já conhecidas. “O que nós vimos foi algo parecido com um raio cósmico visto no reflexo da camada de gelo, mas ele não era refletido. Era como se ele saísse de dentro do próprio gelo, algo muito estranho”, comenta Peter Gorham, professor da Universidade do Havaí e líder da pesquisa.

O objetivo inicial da pesquisa era encontrar o neutrino, uma partícula basilar da criação do Universo, surgida da energia do Big Bang. De acordo com os pesquisadores, os neutrinos podem “nos contar sobre tudo, desde o nascimento do universo até as reações nucleares que alimentam nossas cidades”. Gorham explica que eles conseguem penetrar quase todas as matérias, mas pelo visto a partícula misteriosa identificada por eles parece ter mais poder de penetração ainda.

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“Essa partícula deve estar atravessando quase toda a Terra, o que pode ser uma indicação de algum tipo novo de Física, o que chamamos de além dos modelos físicos convencionais”, analisa o professor. Era tido como incomum que os raios cósmicos se movessem para cima, “escavando túneis através da Terra”, em grandes números. Uma das possibilidade consideradas pelos cientistas é que os raios cósmicos de uma supernova explodiram por todo planeta Terra.

As observações dos pesquisadores foram publicadas pela American Physical Society, em outubro de 2018.

Anita e a Antártica

O equipamento ANITA utilizado nos experimentos foi patrocinado Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa, na sigla em inglês). “Na verdade, somos a instituição líder da ANITA. Desenvolvemos um ótimo relacionamento com a Nasa, arrecadando algo como U$ 10 milhões ou U$ 12 milhões. Estamos participando de algo que eu acho que é um dos melhores esforços da humanidade”, comemora o professor Peter Gorham.

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A Anita é uma espécie de balão enorme, com sete metros de altura, composto por 48 antenas. O maquinário é utilizado para capturar ondas de rádio no gelo antártico, que são sinais de reações de neutrinos de alta energia. A Nasa patrocinou os três vôos do equipamento para o projeto da Universidade do Havaí: o primeiro custou U$ 8,1 milhões, enquanto o segundo e terceiro foram U$ 4,1 milhões e U$ 4,6 milhões.

“A Antártica tem várias propriedades que a tornam realmente ideal para o que queremos fazer. O gelo antártico é quase completamente claro para as ondas de rádio, ou seja, se você sobrevoar a Antártica com olhos de rádio, poderá ver através do gelo, a vários quilômetros de profundidade e ver o subcontinente abaixo”, relata Gorham.

Assista a vídeo, em inglês, do professor Gorham explicando mais sobre a descoberta:

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