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Entenda o caso dos meninos tailandeses que ficaram presos em caverna

Doze crianças estavam presas junto com seu técnico de futebol desde o dia 23 de junho. Várias causas para o encurralamento foram apontadas e o resgate, que durou três dias, foi delicado
13:22 | Jul. 10, 2018
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As doze crianças e o técnico de futebol que estavam presos na caverna de Thuam Luang, na Tailândia, desde o dia 23 de junho, conseguiram sair do confinamento nesta terça-feira, 10. O grupo foi encontrado no último dia 2, mas o resgate só foi iniciado no último domingo, 8, devido à dificuldade de salvamento.  O resgate, que durou três dias, era arriscado devido à água de chuva acumulada e à dificuldade do trajeto até a saída.

Os doze meninos de idades entre 11 e 16 anos e o técnico faziam parte do time Javalis Selvagens. O grupo foi localizado por dois mergulhadores britânicos após 9 dias encurralados na caverna. Eles estavam a mais de quatro quilômetros da entrada da gruta. As chuvas torrenciais deste período do ano no país causaram alagamento nas passagens, impedindo a saída das vítimas. 
 
[SAIBAMAIS]O meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) Expedito Ronald Gomes Rebello afirma que o período entre julho e setembro é o mais chuvoso na Tailândia devido às monções, ventos que mudam de acordo com a estação do ano. Nesse período, a população já está acostumada com as chuvas frequentes e contínuas. "A chuva só foi um complicador porque o resgate foi a 4 km numa caverna. Se fosse a céu aberto,  provavelmente não teria problema", diz. 

Vários motivos para eles entrarem na caverna já foram citados, mas ainda não há como afirmar com certeza a causa. Alguns acreditam que o time foi ao local para comemorar o aniversário de 16 anos de um dos meninos. Outros, que a entrada se deu devido ao cumprimento de um “ritual” de iniciação, em que eles teriam que escrever os nomes na caverna. A busca de um abrigo para a chuva também pode ter sido uma das razões do encurralamento. 

A equipe de socorristas considerou várias possibilidades de resgate, como a espera de quatro meses até o fim do período de chuvas e a perfuração da superfície da caverna para que as vítimas fossem retiradas por cima. Foi decidido que o salvamento seria feito por meio de mergulho, técnica arriscada devido às características físicas de Thuam Luang, principalmente durante um tempo chuvoso.

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“Nesse caso, existe um agravante, que é o ambiente confinado. É diferente de um local aberto que qualquer problema você pode sair de fora d’agua”, pontua o diretor de treinamento escola de mergulho profissional Divers University, Renato Rocha. Ele explica que o maior perigo durante o resgate é a falta de oxigênio, frequente pelo mau cálculo da quantidade no tubo. Um ex-mergulhador da Marinha tailandesa morreu durante os trabalhos de preparação do resgate devido ao problema.

Outro risco é a geografia da caverna, com partes estreitas e amplas e diversas saídas e corredores. Caso o socorrista não conheça bem o caminho do local das vítimas até a saída, pode se perder e morrer por falta de oxigênio. A visão dos mergulhadores é prejudicada no local devido à água suja, cheia de sedimentos, e à falta de iluminação. “O controle mental do socorrista, além de toda a capacidade técnica, tem que ser bastante acima da média”, salienta Renato. 

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Um mergulhador experiente precisava de 11 horas para fazer uma viagem de ida e volta até o local em que estavam as vítimas: seis de ida e cinco para a volta, graças à ajuda da corrente. O trajeto passava por passagens escuras e apertadas, cheias de água barrenta e correntes fortes, com pouco oxigênio. A profundidade no ponto em que estavam as vítimas ficava entre 800 m e 1 km e também havia risco de desmoronamento caso o solo fosse perfurado.

A situação era ainda mais complicada, já que muitos dos meninos não sabem nadar. Os socorristas tiveram de ensinar rapidamente noções básicas de mergulho ao grupo. Renato Rocha diz que os equipamentos utilizados no processo como cabos e linhas de comunicação foram importantes no suporte psicológico das vítimas.

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Mais de mil pessoas integraram a equipe de salvamento, entre eles, 90 mergulhadores - 50 estrangeiros e 40 tailandeses. De dois a três mergulhadores acompanharam cada uma das vítimas, que usaram máscaras faciais, roupa de mergulho, botas e capacete enquanto eram guiados pelas passagens por uma corda. Todos os resgatados foram levados de helicóptero para hospital, onde devem ficar em quarentena e passar por observação.

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