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Chef Anthony Bourdain morre na França

20:15 | Jun. 08, 2018
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O chef, crítico gastronômico e apresentador de televisão americano Anthony Bourdain morreu na França, aos 61 anos.

"É com imensa tristeza que podemos confirmar a morte de nosso amigo e colega, Anthony Bourdain", afirmou a rede CNN em um comunicado.

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"Seu amor pelas grandes aventuras, novos amigos e comida e bebida requintadas e as incríveis viagens pelo mundo fizeram dele um contador de história único. Seus talentos sempre nos fizeram ficar admirados, e vamos sentir muita falta dele. Nossos pensamentos e nossas preces estão com sua filha e famílias nesse momento incrivelmente difícil", acrescentou a emissora.

Anthony Bourdain se matou em seu quarto de hotel em Estrasburgo, na França, e foi encontrado por seu amigo francês Eric Ripert, coproprietário e chef do Le Bernadin, um dos restaurantes mais famosos dos Estados Unidos, localizado em Nova York.
A Procuradoria de Colmar anunciou à AFP que o chef foi encontrado morto num hotel de luxo em Kaysersberg.

"Fomos informados da morte deste chef americano esta manhã no hotel de luxo Le Chambard", declarou o procurador Christina de Rocquigny du Fayel. "Neste momento, nada indica a intervenção de terceiros".

Segundo o presidente da CNN, Jeff Zucker, ele gravava na França um novo episódio de seu programa "Parts Unknown".

"Era meu amor, minha rocha, meu protetor", tuítou a atriz italiana Asia Argento, sua namorada há meses. "Estou mais do que devastada".

"É muito triste", declarou o presidente dos Estados Unidos Donald Trump, apresentando condolências à família. "Eu adorava seu programa. Era um personagem".

Chef de formação, Anthony Bourdain passou várias décadas nas cozinhas de vários estabelecimentos, incluindo a Brasserie Les Halles, um restaurante francês localizado no sul de Manhattan.

Mas foi sua carreira como autor e apresentador de TV que o tornou conhecido do público em geral.

Em 2000, ele publicou "Cozinha Confidencial", um livro no qual conta os bastidores da vida na cozinha, com o toque rock'n'roll da vida em Nova York e seus muitos excessos.

Ele forjou para si a imagem de um combatente, livre pensador, epicurista e humanista, que o acompanhou até o fim.

"Ele vai me fazer muita falta", reagiu no Twitter Tarver King, dono de um restaurante em Lovettsville (Virgínia). "'Kitchen Confidential' mudou a minha vida".

Apresentou vários programas de TV sobre gastronomia, até "Parts Unknown", transmitido desde 2013 pelo canal de notícias CNN.

O homem com a voz rouca, de carisma natural e cabelos grisalhos visitava os quatro cantos do mundo em busca de autenticidade, celebrando as mais variadas tradições culinárias.

Ele não hesitava em ir a locais inesperados, longe dos destinos turísticos, chegando a visitar a região autônoma de Nagorno-Karabakh, o que lhe valeu o título de "persona non grata" pelo Azerbaijão.

"É irreverente, honesto, curioso, jamais condescendente, jamais obsequioso", observou o júri que lhe concedeu o Peabody Award, prêmio da televisão e rádio americanas, no primeiro ano de seu programa.

"As pessoas se abrem para ele e revelam muito mais sobre suas vidas e seu país do que fariam para um repórter comum", completou o júri.

"Fazemos perguntas muito simples: o que te faz feliz? O que você come? O que gosta de cozinhar?", explicou Bourdain ao receber o prêmio.

Ele também recebeu sete Emmy Awards, incluindo cinco por "Parts Unknown".
Adepto do jiu-jitsu, não viajava sem seu quimono e também era conhecido por seus engajamentos, contra o assédio sexual em restaurantes e em favor da abertura e integração cultural.

Na rede em que Bourdain trabalhava, os locutores mal continham suas lágrimas ao recordar o colega e pediram que as pessoas que sofrem com desespero, ou conhecem alguém que esteja lutando contra a depressão, que procurem um Centro de Valorização da Vida.

"Perdemos um herói", comentou no Twitter o escritor especializado em gastronomia Michael Ruhlman, amigo de Anthony Bourdain.
A jornalista gastronômica da "New Yorker" Helen Rosner elogiou a "capacidade de contar histórias" de um homem para quem "dizer a verdade era uma forma de poder".

Para o chef britânico e também astro da televisão Jamie Oliver, Bourdain "rompeu com os moldes e fez evoluir o debate sobre a gastronomia".

A morte de Bourdain acontece três dias após o suicídio da estilista Kate Spade, em Nova York.

O procurador de Colmar descartou "a priori" uma necrópsia e indicou que a "investigação não deve atrasar" o envio do corpo aos Estados Unidos. A última de suas viagens.

AFP

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