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Animais estão se tornando mais noturnos para evitar os humanos

Pesquisa realizada com espécies de todo o planeta aponta que o comportamento acontece mesmo nos locais onde os humanos não representam perigo
09:45 | Jun. 16, 2018
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Um estudo aponta que a expansiva presença humana tem feito com que espécies de animais em todo o planeta transfiram a maior parte de sua atividade para o horário noturno. As informações são do site El País.

Um grupo de pesquisadores dos Estados Unidos comprovou que essa transição tem acontecido em caráter global. Sejam grandes ou pequenos, de floresta ou de savana, animais que exercem hábitos diurnos há milhões de anos estão trocando o dia pela noite.

Reunindo os resultados de dezenas dos estudos sobre os movimentos de 60 espécies de mamíferos distribuídos em todo o mundo, os cientistas comprovaram que, onde há uma perturbação humana, os mamíferos têm 1,36 vez mais atividade noturna, em média. Isto significa que um animal que, sem perturbações, distribuiria em partes iguais suas atividades entre o dia e a noite aumentaria sua atividade noturna em até 68%.

“Há indícios de que animais de todas as partes estão ajustando seus patrões de atividade diária para evitar os humanos no tempo, já que é cada vez mais difícil para eles nos evitar no espaço”, diz a autora principal do estudo, Kaitlyn Gaynor, da Universidade de Califórnia em Berkeley (EUA). “Como as pessoas são mais ativas durante o dia, os animais estão passando para a noite”, acrescenta. 

O estudo indica que os animais estão se tornando mais noturnos mesmo nos locais onde os humanos não representam perigo. Utilizando diversas técnicas de rastreamento e de interferência humana, o estudo mostra que os animais respondem a todos os tipos de perturbação humana, sem se importar se realmente representam uma ameaça direta.

As consequências dessa mudança ainda são incertas. Aparentemente pode parecer que deixar o dia para os humanos facilitaria a coexistência deles com as outras espécies, mas uma mudança tão generalizada e rápida de padrões de atividades que duram por milênios podem alterar todo um ecossistema. “No caso dos predadores não adaptados a caçar de noite, poderia ocorrer um aumento da população dos ungulados que eram suas presas, o que afetaria a disponibilidade de cobertura vegetal, produzindo um efeito em cascata”, comenta a pesquisadora Ana Benítez, da Universidade Radboud, da Nijmegen, nos Países Baixos.

Para uma das pesquisadoras, o ponto mais relevante desta pesquisa é que ela confirma uma hipótese exposta nos anos 1960 pelo biólogo Fritz R. Walther, que afirma que "os animais respondem igualmente perante os humanos, sempre nos veem como predadores”. Junto ao questionamento se o impacto de um caçador pode ser o mesmo que o de um excursionista amante da natureza, Kaitlyn Gaynor afirma que sua pesquisa “sugere que basta a nossa mera presença para interferir nos padrões naturais de conduta”.
 
Redação O POVO Online 

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