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Jovem morre após ser ignorada por telefonista de serviço de emergência

O caso provocou indignação na França, depois que o diálogo vazou na imprensa
22:20 | Mai. 10, 2018
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Em 29 de dezembro do ano passado, uma jovem moradora de Estrasburgo, no leste da França, passou mal e ligou para o serviço de pronto atendimento médico. Apesar de risco de vida para a paciente, a telefonista não levou a sério as queixas de Naomi Musenga, de 22 anos. A jovem morreu poucas horas depois de ser levada ao hospital.
 
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O diálogo entre Naomi e a telefonista vazou na imprensa e chocou os franceses, que já estavam indignados com o caso. Veio à tona um grande debate sobre o funcionamento do serviço de emergência na França.

Na conversa, a jovem se queixa de dor na barriga e pede ajuda dizendo que vai morrer. A atendente reage com ironia e responde que "todo mundo vai morrer um dia", sugerindo em seguida que Naomi entre em contato com o serviço de consultas médicas a domicílio, o SOS Médécins. É possível ouvir uma conversa da atendente com uma colega, em que ela demontra mais ironia comentando sobre o caso.

Naomi foi atendida horas depois, sofreu um infarto e morreu no hospital. A autópsia revelou falência múltipla dos órgãos. 

A procuradoria de Estrasburgo anunciou nesta quarta, 9, que abrirá um inquérito por omissão de socorro. A telefonista já havia sido suspensa.
 
Saúde da França
Ontem, 8, a ministra da Saúde, Agnès Buzyn, disse em sua conta no Twitter que estava profundamente indignada e que solicitaria a abertura de um inquérito administrativo.

Hoje, em entrevista à rádio France Info, declarou que o problema envolve um erro humano, e não falta de recursos para o setor. "Este é um caso particular, individual. Fica claro que é o problema de alguém que não tem absolutamente nenhuma empatia, que não aplica os procedimentos e que tira sarro de alguém que está doente", acrescentou. Segundo a ministra, o serviço recebe em média 25 milhões de telefonemas por ano e "na grande maioria dos casos os pacientes são muito bem tratados".

Entretanto, o presidente da associação de médicos de emergência, Patrick Pelloux, discorda da ministra. Para ele, os médicos, enfermeiros e outros funcionários do setor estão "exaustos, estressados e à beira do burn-out", e consequentemente "distanciados do sofrimento do paciente".
 
Em entrevista ao jornal Le Parisien, ele faz um pedido de "socorro" solicitando a contratação de mais profissionais que gerenciam os telefonemas e questionando sobre a organização do serviço na França.

Na próxima segunda-feira, 14, Agnès Buzyn receberá duas organizações médicas. Segundo ela, o presidente Emmanuel Macron deve anunciar novas medidas para o setor e uma reorganização do sistema de saúde.
 
Com informações do Uol Notícias
Redação O POVO Online 

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