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Ex-presidente sul-coreana condenada a 24 anos de prisão por corrupção

A sentença acaba com mais de dez meses de julgamento, no qual Park foi considerada culpada em várias acusações, entre elas abuso de poder e corrupção
11:50 | Abr. 06, 2018
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A ex-presidente sul-coreana Park Geun-hye foi condenada nesta sexta-feira a 24 anos de prisão por um escândalo de corrupção, ponto final da dramática queda em desgraça da primeira mulher eleita chefe de Estado na Coreia do Sul.

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A sentença acaba com mais de dez meses de julgamento, no qual Park foi considerada culpada em várias acusações, entre elas abuso de poder e corrupção. Park foi destituída e detida em março de 2017 em função de uma série de suspeitas que revelaram as relações ilícitas entre o poder político e os grandes conglomerados. O juiz Kim Se-yoon afirmou que Park forçou as empresas sul-coreanas a pagar dezenas de milhões de wones (moeda sul-coreana) a duas fundações controladas por sua confidente e amiga íntima de 40 anos Choi Soon-sil em troca de favores políticos.

 "A acusada usou de maneira ilegal sua autoridade presidencial a pedido de Choi para obrigar as empresas a dar dinheiro para suas fundações", afirmou o magistrado. "As empresa foram obrigadas a dar somas importantes de dinheiro e a acusada deixou Choi controlar as fundações quando não tinha direito de fazê-la", acrescentou.

Os enormes conglomerados sul-coranos ('chaebols'), em mãos de importantes famílias e com estruturas muito complexas são o motor da economia do país. Grupos como Samsung e Hyundai tiveram um papel crucial no "milagre econômico" dos anos 1960 e 1970, que transformou um país destruído pela guerra.

A filha mais velha do ditador militar Park Chung-hee chegou ao cargo de presidente apresentando-se como "incorruptível filha da nação". Park cresceu no Palácio Presidencial, onde seu pai dirigiu o país de 1961 até seu assassinato em 1979. Durante décadas foi considerada como a "princesa" política do país. A queda da presidente conservadora ocorreu depois de manifestações em massa em todo o país e precipitou eleições antecipadas em maio de 2017, vencidas pelo candidato de centro-esquerda Moon Jae-in. O novo presidente contribui agora para a espetacular aproximação em curso entre as duas Coreias.

A promotoria pedia 30 anos de prisão para Park, de 66 anos e que em grande parte boicotou as audiências durante os dez meses que durou seu processo, acusando o tribunal de parcialidade. Levando em conta o grande interesse que o caso gerou na Coreia do Sul, o anúncio da sentença foi transmitido ao vivo pela televisão, algo pouco comum no país. A ex-presidente, que enfrentava 18 acusações, provocou a ira de uma parte importante da população, pois o caso atiçou o sentimento popular contra os privilégios das elites e das poderosas famílias ao comando dos grandes conglomerados da 11a. primeira economia mundial.

 

Choi, também julgada em outro processo pelo mesmo tribunal, foi condenada em fevereiro a 20 anos de prisão. Park está em prisão preventiva há um ano na prisão de Seul. Começou a boicotar o julgamento em outubro, depois que teve negada a possibilidade de ser liberada sob fiança. Desde então, se nega a receber visitas, inclusive da família, mas exceto a de seus dois advogados.

Park poderá recorrer da condenação, mas continuará detida até que seja realizado um novo processo. Poderá solicitar o indulto presidencial, mas os especialistas opinam que é pouco provável que seja concedido a ela. A ex-presidente é o terceiro chefe de Estado sul-coreano a ser condenado depois de perder o mandato.

AFP

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